terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Mediadora - Crepúsculo, Meg Cabot - Cap 18

Não me pergunte como. Eu não nasci com nenhum superpoder para escutar. Eu simplesmente... Ouvi.


O rangido da porta do celeiro.


E jesse, recostado na escava, ficou paralisado. Ele também tinha ouvido. Um segundo depois eu vi Paul se sentar. Ele não tinha estado dormindo, de jeito nenhum!


Nós esperamos em um silêncio tenso, cada um de nós mal ousava respirar.


Então eu ouvi um outro rangido. Desta vez era uma bota em um degrau da escada.


Diego. Tinha que ser. Diego estava vindo para matar Jesse.


Jesse deve ter percebido como eu estava nervosa, pois ele levantou uma mão fazendo o sinal universal para "ficar". Ele queria que Paul e eu deixássemos Diego só para ele.


Sim. Tudo bem!


Então eu os vi... A cabeça e os ombros de Diego, aparecendo maciçamente ao longo do celeiro escuro. Sua cabeça estava voltada para a direção em que Jesse parecia estar dormindo, ele não via nada além de Jesse.


Devagar, obviamente temendo acordar sua presa, Diego escalou até o sótão, seus passos amaciados pela madeira bezinina. Enquanto ele chegava mais e mais perto... Agora ele estava a 5 metros de distância... Agora 4... Agora 3. Eu me preparei para levantar. Eu não fazia idéia do que fazer para impedi-lo. Ele não era um cara pequeno, e eu não sou nenhuma faixa preta. Mas me "deslocar" realmente veio à cabeça.

Paul estava me segurando agora, na verdade estava segurando na manga da minha jaqueta de motociclista, me impedindo de avançar, para que Jesse pudesse ter uma chance de cuidar do problema ele mesmo. Engraçado como nessa ocasião Paul estava do lado de Jesse, coisa que ele nunca tinha feito antes.


Um metro... Diego estava agora a 1 metro do suposto corpo dormindo de Jesse. Ele esticou a mão para pegar alguma coisa na altura da cintura... No seu cinto. Eu vi o reflexo da sua "fivela"... A mesma fivela, que no meu tempo, tinha terminado de alguma maneira no meu sótão...


Agora, Diego pegou seu cinto e segurou nas extremidades para usar como um tipo de garrote, a voz de Jesse, fria e assegurada, cortou o silêncio.


Em espanhol, ele disse alguma coisa em espanhol!
Por quê? Por que eu tinha escolhido francês em vez de espanhol?
Diego, pego totalmente fora de guarda, deu um passo para trás.


Eu não pude agüentar isso!


-O que ele disse? - eu perguntei ao Paul.


Paul, não parecendo muito feliz de bancar o tradutor disse:

-Ele disse “então é verdade?”, e agora cala a boca para que eu possa escutar.


Diego se recuperou rapidamente. Ele não baixou a mão que segurava seu cinto, em vez disso disse alguma coisa.
Em espanhol. Dessa vez, não precisou eu pedir ao Paul.


-Ele disse “então você sabe? Sim, é verdade, eu estou aqui para te matar”.


Jesse disse mais alguma coisa, mas só o que entendi foi um nome.


-Ele disse:

-Maria te mandou?

Diego riu, depois concordou, então ele respirou fundo.

Eu acho que não gritei. Eu sei que suguei uma boa parte do ar, a que eu não usei quando ia gritar. Mas eu vi o que prendia a minha respiração. Porque Jesse, em vez de sair de onde Diego estava, como eu teria feito, se caso alguém viesse me matar.


Os dois homens rolaram perigosamente pelas bordas do celeiro, brigando. Era duro ver o que estava acontecendo naquela semi-escuridão, mas uma coisa era certa: Diego estava na vantagem.


Agora Paul e eu estávamos nas pontas dos pés, completamente despercebidos pelos dois homens que se espancavam pelo sótão. Eu tentei ir pra frente pra ajudar, mas de novo Paul não me deixou ir.


-É uma luta justa - ele disse pra mim.


Mas quando, um segundo depois, os dois homens se separaram, e Diego ficou quieto e deu uma bela risada, eu vi que não tinha nada de justo naquela luta. Porque de repente, o Digo mostrou uma faca. Ela brilhou quando a luz da lanterna bateu nela, ele começou a se sentar no chão a um dois passos dele.
Agora o ar em meus pulmões saíram em um disparo.


-Jesse - eu gritei - faca.

Diego se virou.

-Quem está aí? - ele perguntou em inglês.


A distração deu a Jesse tempo suficiente para que ele tirasse das suas botas a sua própria faca... A que ele usou para cortar as cordas que Paul me amarrou.

-Ok, aquilo é - eu disse quando eu vi isto -Alguém está indo pegá-lo...

-Que é o que nós queremos - Paul disse, mantendo mais firme o aperto em mim do que nunca. - Tanto tempo pra ver se esse é o cara certo.

Eu não poderia entender o que Paul estava fazendo, o que estava pensando. Jesse e Diego estavam rolando e se batendo pelos lados do sótão. Nós podíamos parar isto. Nos podíamos parar isto tão facilmente. Por que ele não estava...

Então me bateu. Paul estaria no lado de Diego? Isto seria algum tipo de plano estranho? Ele realmente foi procurar Diego durante o dia ou ele só tinha fingido que ia procurar, assim ele teria o prazer de ver Jesse morrer depois? Porque essa poderia ser a única razão que ele teria para o que estava fazendo - de forma que ele poderia assistir Jesse morrer...

Eu me livrei dele.

-Você quer que Jesse morra - eu gritei pra ele - Você quer que isso aconteça?

Paul olhou para mim como se eu estivesse louca.

-Você está brincando? A única razão para eu estar aqui é impedir que isso aconteça.

-Então por que não está o ajudando?

-Eu não preciso - Jesse se lançou contra Diego quando ele ameaçou cair - ajudá-lo.

-Quem são essas pessoas? - Diego rosnou, se lançando contra Jesse de novo.

-Ninguém - Jesse disse. - Não preste atenção nelas. Isto é entre mim e você.

-Viu? - o Paul disse a mim, não sem um pouco de auto-confiança.
- Você está mais tranqüila?


Mas como eu poderia, quando eu estava de pé lá assistindo o meu namorado - Certo, bem, não o meu namorado exatamente, contudo - em uma luta pela sua vida? E estava de pé lá, com meu coração na boca, quase sem respirar, assistindo aquela difícil luta com dois homens rolando um com o outro.

E então aconteceu. Diego inesperadamente passou por trás dele, e num estante agarrou com força...

Eu.

Eu fui pega totalmente fora de guarda, eu nem pude pensar. Tudo o que eu soube era que em um minuto eu estava lá parada próximo ao Paul, não podendo assistir o que estava acontecendo direito, eu estava tão assustada.

... e no outro, eu estava no meio disto, com um braço que esmagava minha garganta Diego me segurava na frente dele, a ponta da lâmina prateada no meu pescoço.

-Derrube a faca - ele disse a Jesse. Ele estava parado bem perto de mim, eu pude sentir a voz dele reverberando pelo seu corpo - Ou a garota morre.

Eu vi Jesse ficar branco. Mas ele não hesitou. Ele derrubou a faca dele.

Paul gritou: -Suze! Se Desloca!

Eu levei um segundo para entender o que ele quis dizer. Diego estava me tocando. Diego estava me tocando. Tudo oque eu tenho que fazer era imaginar o corredor que eu odiava tanto — aquela estação de passagem entre existências — e ele e eu seriamos transportados pra lá...

...e nós ficaríamos livres dele pra sempre

Mas antes que eu pudesse fechar meus olhos, Diego me lançou pra longe dele e se lançou contra Jesse. Eu tentei gritar quando eu caí, mas minha garganta estava tão dolorida por conta da força com que ele tinha me segurado, que nada saiu.


Eu não caí no sótão, porém. Ao invés, eu caí contra algo de metal — e de vidro. Algo que quebrou por causa do meu peso. Algo que caiu na palha em baixo de mim.

Algo que se transformou em chamas.

A lanterna. Eu tinha caído na lanterna, e quebrado isto. E ateou fogo ao feno.

As chamas começaram mais depressa do que eu alguma vez imaginei que eles pudessem começar. De repente, eu estava separada dos outros por uma parede laranja. Eu poderia os ver se levantando no outro lado, Paul me encarava com puro horror, enquanto Jesse e Diego...

Bem, Jesse estava tentando impedir Diego de enfiar uma faca no coração dele.

-Paul - eu gritei - O ajude! Ajude Jesse!


Mas Paul estava lá parado olhando pra mim por alguma razão. Foi Jesse quem finalmente se livrou de Diego. Jesse que torceu o braço que segurava a faca, até que Diego, com um grito de dor, deixou que ela caísse. E Jesse que esmurrou e empurrou Diego com tanta força que ele saiu rolando. Eu ouvi seu corpo batendo no chão do celeiro, ouvi o inconfundível barulho de ossos quebrando...Ossos do pescoço quebrando.Os cavalos ouviram também. Eles relincharam ruidosamente e empurravam as portas do estábulo. Eles podiam sentir o cheiro de fumaça. Então percebi, os O’Neils também podiam. Ouvi gritos vindo do lado de for a do celeiro.

-Você conseguiu - eu gritei, olhando para Jesse ofegante, através do fogo e da fumaça - Você o matou!

-Suze - Paul ainda estava me encarando – Suze.

-Ele conseguiu, Paul - eu não podia acreditar - Ele vai viver - Disse para o Jesse, alegremente - Você vai viver!

Mas Jesse não parecia muito feliz com isso, Ele disse:

 -Susannah, fique onde está.

Então eu vi o que ele queria dizer. O fogo tinha me separado completamente do resto do celeiro. Até do mezanino. Eu estava cercada por labaredas. E fumaça. A fumaça estava ficando tão grossa, que eu mal conseguia vê-los.

Nenhuma novidade, nenhuma maravilha Paul ter me olhando fixo daquele jeito. Eu estava cercada por fogo.


-Suze - Paul disse. Mas sua voz soava longe, fraca. Então ele gritou: -Jesse, não...


Mas era tarde. Porque a próxima coisa que eu vi, era que um objeto veio através das chamas e bateu em mim, de fato, eu caí. Eu parei pra olhar um segundo e ver que o objeto era Jesse que estava enrolando o cobertor que eu tinha dormido na noite passada.


Um cobertor que estava se queimando agora.


-Venha - Jesse disse jogando o cobertor, então, ele puxou a minha mão e eu fiquei de pé de novo - Nós não temos muito tempo.


-Suze - Eu ouvi Paul gritar. Eu não podia vê-lo direito, a fumaça estava muito forte.


-Desça - Jesse gritou pra Paul - Desça e ajude os cavalos.


Paul pareceu não escutar.


-Suze - Ele gritou -Se desloca! Faça isso agora! É a sua única chance!

Jesse tinha voltado e estava chutando as tábuas de madeira que formavam a parede. As tábuas tremeram diante da agressão.

Deslocar? Minha mente parecia estar trabalhando muito pouco, talvez por causa da fumaça. Mas eu não poderia me deslocar dali mesmo assim. E Jesse? Eu Não podia deixar Jesse. Eu Não tinha viajado 150 anos atrás para salvar Jesse do Diego e agora deixá-lo aqui para morrer queimado.


-Suze -Paul gritou mais uma vez - Se desloca. Eu vou fazer isso também. Eu me encontro com você do outro lado!


Outro lado? O que ele estava falando? Ele estava louco?


Ah, claro. Esse era o Paul, estávamos falando do PAUL. Claro que ele era louco.
Eu ouvi um ruído elétrico. Então Jesse segurou a minha mão.


-Nós vamos ter que pular - Ele disse, o rosto dele muito perto do meu. Eu senti algo fresco no meu rosto. Ar. Ar fresco. Eu girei minha cabeça e vi que Jesse estava indo pra fora por um buraco que ele tinha feito nas tábuas. Era escuro ver Mas levantei a minha cabeça um pouco para melhorar a sensação deliciosa do ar fresco, eu vi estrelas no céu.


-Você me entende, Suzannah? - A face de Jesse estava muito perto da minha. Perto o suficiente para me beijar. Por que ele não me beija? - Nós iremos pular juntos, no três.
Eu senti que ele agarrou a minha cintura pra perto dele, Bem, o que era melhor. Muito melhor para beijar...


-Um...


Eu podia sentir o seu coração bater forte ao encontro do meu. Como isso era possível? O coração de Jesse parou de bater a 150 anos atrás.
-Dois...


As chamas quentes que pareciam o inferno. Eu estava muito quente. Por que ele não “se mexe” e me beija agora?


-Três...


E então nós estávamos voando pelo ar. Não por causa que ele estava me beijando. Eu vi. Não, porque nós estávamos mesmo voando pelo ar.


E como se a brisa gelada estivesse cobrindo a fumaça do meu cérebro. Eu vi o que estava acontecendo. Jesse e eu estávamos caindo no chão. O qual parecia Tão longe.


E então, eu fiz a única coisa que eu poderia fazer. Eu agarrei Jesse, fechei meus olhos, e pensei em casa.

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