terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Mediadora - Crepúsculo, Meg Cabot - Cap 10

Diego. Felix Diego, o homem que tinha matado Jesse, porque a noiva do Jesse, a odiosa Maria, pediu para ele, ela queria se casar com Diego, um traficante de escravos e mercenário, ao invés do homem que o seu pai tinha escolhido para ela se casar, seu primo Jesse.

Mas Jesse nunca chegou ao casamento, isso porque ele foi morto no caminho por Felix Diego, embora naquela época, ninguém soubesse disso. Seu corpo nunca foi achado. As pessoas – até da família do Jesse – acharam que ele tinha escolhido fugir ao invés de se casar com uma garota que não amava e que não o amava. Maria então se casou com Felix, e eles produziram uma grande quantidade de crianças que mais tarde se tornaram assassinos e ladrões. E, não há muito tempo atrás, o par deles, me fez uma visitinha.

Agora Paul estava indo impedir Diego de matar Jesse… Provavelmente matando Diego ele mesmo. É fácil para os deslocadores matarem pessoas. Tudo que temos que fazer é remover suas almas dos seus corpos, escoltar eles para sua estação espiritual, o seu destino - não importa qual for, céu, inferno, próxima vida- é decidido, e em seguida de volta para terra, outra morte inexplicável, outro corpo no necrotério
Ou, no caso de Diego, a casa gelada, porque eles não tinham necrotérios na Califórnia em 1850.
 Exceto que não iria acontecer assim. Eu não iria deixar Paul fazer isso. Ah claro, Diego merece morrer. Ele era a pessoa mais baixa e sem caráter da terra. Ele matou meu namorado, depois de tudo. Mas se Diego morrer, isso significaria que Jesse não irá morrer. E assim eu nunca iria conhecer ele. Eu sei, é claro, que eu não poderia deter Paul sozinha, eu precisaria de reforço.
Felizmente, eu sabia exatamente onde encontra-lo. Assim que o leilão acabou, e a irmã Enestine nos dispensou com um curto, “Você pode ir agora”. Eu fui para o carro da minha mãe, o qual ela me permitiu graciosamente pegar emprestado para usar durante o dia, na luz, para minha ajuda voluntária na Missão. Paul tinha partido no segundo depois que ele soltou sua pequena bomba para parar o assunto de Feliz Diego. Eu não tinha jeito de ver, realmente, onde ele desapareceu.
Mas eu tinha uma ótima idéia de como saber.


O sol estava começando a se estabelecer quando eu pulei na direção da paisagem, pintando no céu ocidental um profundo laranja queimado, e tornando o mar com cor das flamas. As janelas ao lado dos passageiros refletiram a luz do sol, então você conseguia ver dentro dele.
Mas eu soube que atrás do incandescer dos vidros, as famílias estavam apenas se preparando pra jantar... Como a minha família devia estar. Eu ia estar em grandes apuros pelo o que eu estava fazendo...
...Não pelo fato de tentar impedir Paul de salvar a vida do meu namorado, mas por perder o Jantar. O jantar era a "hora familiar" mais importante para O Andy, era sempre ele que cozinhava.
Mas que escolha eu tinha? Havia uma vida em jogo aqui. E certo, essa vida pertenceu a um assassino odioso que mereceu morrer. Isso estava fora do caso. Paul tinha que ser impedido. E eu conhecia somente uma pessoa a quem ele poderia possivelmente escutar.
Mas quando eu entrei pela entrada de automóveis, eu vi que o meu pânico tinha sido pra nada. Não era só a BMW prata conversível de Paul que estava lá, junto dele estava um Boxster Porsche vermelho que eu reconheci muito bem.
Paul não ia, eu soube, seria uma alternativa dura, de qualquer modo eu tinha que agir logo.


Eu estacionei atrás do Boxster, então com pressa eu me dirigi para as etapas de pedra à porta dianteira daquela casa moderna, onde eu me inclinei para tocar a campainha. Uma brisa gostosa vinha do mar. Sentindo-a, parecia quase, que tudo no mundo estava certo... Qualquer coisa que estivesse limpa e fresca tinha que ser bom, certo?


Errado, muito errado. A água na baia de Carmel pode ser traiçoeira, com ríspidos perigos, levando em conta de que várias pessoas que estavam de férias e vieram visitar morreram nela. Estava cabendo que Paul vivesse Jardas justas longe de algum caminho mortal.

E foi Paul mesmo que abriu a porta. Eu poderia dizer que ele estava esperando um entregador de pizzas e não eu, porque logo que abriu a porta, pegou a carteira do bolso.
Para a sua alegria, quando ele viu que era eu e não por exemplo o meu meio-irmão Jake que é entregador de Pizza. Paul não ficou surpreso, ele simplesmente guardou a sua carteira de volta no bolso e disse com um sorriso lento:


-Suze. A quem eu devo esse prazer?


-Não começa Paul - Eu disse, com sorte, eu acho que consegui esconder a minha voz rouca fazendo uma voz áspera, tentando esconder o que era na verdade, sim, era medo. - Eu Não estou aqui para vê-lo.
-Paul? - Uma voz familiar veio de dentro da casa. - Certifique-se que eles dêem pra você o acréscimo, você sabe, Whaddyacall`ems, os quentes.
Paul olhou sobre seu ombro e eu vi Kelly Prescott - sem sapato, com as correias do seu vestido Betsey Johnson completamente soltas - descendo a escada.


-Ah - ela disse quando viu que quem estava na porta era eu e não o entregador de pizza. - Suze. O que você está fazendo aqui?


-Desculpe interromper - eu disse, com a esperança de que eles não vissem o quão rápido o meu coração estava batendo por de baixo da blusa branca que a irmã Ernestine me fez usar. - Mas eu realmente preciso trocar uma palavrinha com o seu avô.

-Vovô Vegetal? - Kelly Olhou para Paul curiosa. - Você me disse que ele não consegue falar.


-Aparentemente - Paul disse, o sorriso divertido dele nunca abandona a sua cara - Ele consegue. Mas só com a Suze.

Kelly lançou um olhar sarcástico para mim.

-Nossa, Suze - Ela disse – Eu não sabia que você era assim com as pessoas velhas.

-Eu sou, – Eu disse com um riso nervoso que eu esperei que não soasse tão nervoso para os ouvidos deles quanto soou para meus próprios ouvidos.-Amiga das pessoas velhas. Então... Eu posso entrar?
Eu meio que esperava Paul dizer Não.Eu quero dizer, ele devia saber porque que eu estava lá. Ele devia saber que eu só estava lá para falar com o Dr. Slaski para ver se ele sabia algum modo de impedir o neto de brincar com o passado e bagunçar o meu presente.


Porém ao invés de ficar bravo ou até mesmo um pouco chateado.Paul escancarou a porta e disse:

– Seja minha convidada.

Eu entrei e dei um sorrisinho pra Kelly enquanto eu passava por ela e subia a escada para o corredor principal. Kelly não devolveu o meu sorriso. Eu pude observar enquanto eu passava pela sala de estar que a lareira estava acesa e em cima da mesa de centro em frente a um pequeno sofá tinha algumas taças, reparei que devia ter interrompido um momento entre Paul e ela.
Eu tentei não levar aquilo pelo lado pessoal, Paul nunca tinha aberto conhaque nem acendido a lareira durante as muitas vezes em que estive com ele. Isso não importa, eu estava, afinal de contas, comprometida. Mesmo assim me bateu a sensação de que eu tentei fazer demais. Kelly estava a um bom tempo de olho em Paul. Ela seria feliz comendo carne seca e tomando Jerky com ele, mesmo sem fogo na lareira ou um conhaque da marca Courvoisier.


Eu passei correndo pela sala, desci pelo longo corredor que leva ao quarto do Dr. Slaski e eu podia ouvir o programa que passava na TV. Com certeza isso era melhor do que ficar assistindo a beijação do Paul e da Kelly.

Quando eu cheguei no quarto de Dr. Slaski, eu parei e bati, só para ter certeza de que eu não estava interrompendo um banho de esponja ou qualquer coisa. Quando ninguém me pediu para entrar, eu prossegui e empurrei a porta em parte aberta. O criado de Dr. Slaski estava acomodado em uma cadeira no canto, levando em conta o que, provavelmente era um cochilo bem-ganho. O próprio Dr. Slaski, deitado na cama de hospital dele, parecida estar dormindo muito bem.
Eu odiei acorda-lo, é claro, mas que escolha eu tive? Eu estava errada pensando que ele poderia querer saber que o próprio neto dele estava pensando em mexer no curso da história, algo que ele tinha me advertido que era um perigo extremo?

-Dr. Slaski? - Eu sussurrei, porque eu não queria acordar o criado - Dr. Slaski? Você está acordado? Sou eu, Suze. Suze Simon. Eu tenho algo realmente importante que eu preciso lhe perguntar.

Dr. Slaski abriu um olho e olhou para mim.

-Isto - ele ofegou e sua respiração não soou direito – Tem que ser bom.

-Não é - eu o assegurei. - Eu quero dizer, não são notícias boas, de qualquer maneira. É sobre Paul.

Dr. Slaski olhou para o teto.

-Por que eu não estou surpreso?

-É só que - eu disse, enquanto decaindo-me sobre a poltrona ao lado da cama dele – É que eu acho que o Paul quer voltar por tempo.

As pálpebras de Dr. Slaski abriram–se um pouco mais:

-Salvar a humanidade das atrocidades de Stalin?

-Hum - eu disse. – Não. Impedir meu namorado morrer.

O avô de Paul fixou seus olhos em mim - E esta é uma coisa ruim... Por quê?

-Porque se o Paul voltar no tempo e salvar Jesse - eu sussurrei, para que o criado não escutasse - eu nunca o conhecerei!

-Paul?

-Não - Eu não pude acreditar nisto. - Jesse!

Dr. Slaski lambeu os lábios rachados dele.

-Porque - ele ofegou - Jesse está...

-Morto, certo? - Eu atirei para o criado ainda dormindo um olhar cuidadoso. - Jesse está morto. Meu namorado é um fantasma.

Lentamente, Dr. Slaski fechou seus olhos.

 -Eu não - ele suspirou, - tenha paciência com isso. Eu não estou me sentindo muito bem hoje.

Dr. Slaski! – Eu me inclinei para frente e segurei o braço dele. - Por favor, você tem que me ajudar. Diga ao Paul que ele não pode fazer isto.Conte a ele que não se pode brincar com o tempo, do mesmo modo que você me contou. Fale que é perigoso, que aquilo acabará com ele, assim como acabou com você. Fale algo, qualquer coisa. Mas você tem que conseguir pará-lo antes que ele arruíne minha vida!

Dr. Slaski, com os olhos ainda fechados, balançou sua cabeça lentamente de um lado para o outro.

-Você veio à pessoa errada, - ele disse. - Eu não posso controlar aquele menino. Nunca consegui. Nunca conseguirei.

-Mas você ainda pode tentar, Dr. Slaski - eu chorei. - Por favor, você precisa tentar! Se ele salvar Jesse... Se ele tiver sucesso...

-Seu coração se partirá - Dr. Slaski abriu seus olhos e os fixou em mim. - Sua vida acabará.

-Sim!

-Quantos anos você tem?- Dr. Slaski quis saber. – Quinze?Dezesseis? Você realmente pensa que sua vida acabará se um menino por quem você tem uma atração, nem um menino, um fantasma! - que desapareceu? Ano que vem, você não se lembraria dele, de qualquer maneira.

-Isso não é verdade - eu disse através dos meus dentes friccionados. - O que Jesse e eu temos. . . É algo especial. Paul sabe isso. E é por esse motivo que ele está tentando arruinar isto.

Dr. Slaski parecia interessado nisso.

-Ele está? - ele disse com um pouco mais animação. - E por que ele iria querer fazer o que você está pensando?

-Porque... Eu ruborizei para admitir isto, mas que escolha tive eu, realmente? Eu respirei fundo. - Porque ele pensa que nós deveríamos ficar juntos. Ele e eu. Porque nós somos mediadores.

Um sorriso vago e sem valor apareceu nos lábios secos e sem cor de Dr. Slaski.

-Deslocadores - ele me corrigiu.

-Deslocadores - eu disse. - Tudo que, Dr. Slaski, não está certo, e você sabe disto.

- Pelo contrário - Dr. Slaski disse com uma tosse catarrenta.- Provavelmente é a coisa mais inteligente que o menino alguma vez fez. Romântico, também. Quase me dá fé nele.

-Dr. Slaski!

-O que tem de tão errado nisto, de qualquer maneira? - Dr. Slaski riu de mim. - Soa para mim como ele estivesse a fazendo um favor. Ou ao seu namorado, de qualquer maneira. Você pensa que esse Jessup..

-Jesse.

-Você pensa que este Jesse gosta de ser o fantasma que é? Esperando por toda a eternidade, a assistindo viver sua vida, enquanto ele paira no fundo, enquanto nunca envelhecendo, nunca sentindo uma brisa de oceano na face dele, nunca provando novamente uma torta de morango (não sei se é isso). É o tipo de vida que você deseja para ele? Você o tem que amar muito, se isso é verdade.

 Eu senti minhas bochechas pegando fogo ao ouvir o tom dele.



-Claro que isso não é o que eu quero para ele - eu disse furiosamente. -Mas se essa é a única alternativa, eu não quero. E nem ele!

-Mas você não lhe perguntou, tem certeza disso?

-Bem, eu.

-Você tem?

-Bem - eu olhei para baixo, incapaz de fixar o olhar nos dele. - Não. Não, eu não tenho.

-Eu não pensei assim - Dr. Slaski disse. - E eu sei por que, também. Você tem medo do que ele dirá. Você tem medo que ele diga que quer viver.

Eu o observei furiosamente.

 -Isso não é verdade!

-E você conhece isto. Você tem medo que ele diga que quer viver o resto da vida dele, o modo para o que ele foi suposto, depois de nunca ter a conhecido.

-Tem que ser de outro modo! - eu chorei. - Não pode ser naquele momento uma coisa ou outra. Paul disse algo sobre transferência de alma.

-Ah - Dr. Slaski disse. - Mas para isso, você precisa ter um corpo disponível sem alma para que você possa transferir a dele.

Eu pensei maldosamente no de Paul.

-Eu penso que eu conheço um - eu disse.

Como se ele lesse meus pensamentos, Dr. Slaski disse:

-Mas você não fará isso.

Eu levantei minhas sobrancelhas.

-Não vou?

-Não, - ele disse. A voz dele estava começando a soar mais lânguida e mais lânguida. - Não, você não vai. Ele vai. Se ele pensa que vai conseguir o que ele quer. Mas não você. Você não tem isto em você.

-Eu faço - eu disse mais furiosa de que eu era capaz.

Mas Dr. Slaski só balançou novamente a cabeça dele.

-Você não é como ele, - ele disse. - Ou eu. Nenhuma necessidade para se pôr sensível sobre isto. É uma coisa boa. Você viverá muito mais tempo.

- Talvez, - eu disse, enchendo de lágrimas meus olhos e olhando desanimada para minhas mãos. - Mas do que adianta, se eu não estou feliz?

Dr. Slaski não disse nada durante algum tempo. A respiração dele tinha ficado bastante pesada que depois de um minuto ou algo parecido, eu comecei a pensar que ele estava roncando, e o observei, enquanto temendo que ele tivesse dormido.

Mas ele não tinha. - o olhar dele estava fixo em mim.

- Você ama este menino? - Dr. Slaski perguntou finalmente. -
Jesse? - eu acenei com a cabeça, incapaz de dizer mais nada.

-Há uma coisa que você poderia fazer - ele ofegou. - Nunca tentei isto, mas poderia dar certo. Não recomendo isto, claro. Provavelmente a colocaria em uma sepultura cedo, como eu estarei, rápido demais.

Eu me inclinei para frente em minha cadeira.

-O que é - eu chorei. - Me fale, por favor. Eu farei qualquer coisa... Qualquer coisa!

-Qualquer coisa que não envolve a matança de alguém, você quer dizer - Dr. Slaski disse enquanto tossia de uma forma que parecia que levaria anos para ele se recuperar. Finalmente, ele se recuperou da tosse e ofegou - Quando você volta...

-Voltar? No tempo, você quer dizer?

Ele não respondeu. Ele apenas olhou para o teto.

-Dr. Slaski? Voltar no tempo? É que o que você quis dizer?

Mas Dr. Slaski nunca terminou aquela oração. Porque a meio caminho disto, a mandíbula dele ficou frouxa, os olhos dele fecharam-se, e ele caiu são adormecido.
Ou pelo menos era isso que eu achei que tivesse acontecido.

Eu não pude acreditar no que estava vendo. Ele está a ponto de me dar uma informação valiosa para eu poder salvar o Jesse, e de repente ele dorme? Qual o sentido disso?

 Eu dei tapinhas na mão dele, esperando que isso pudesse acorda-lo. - Dr. Slaski?- Eu chamei um pouco mais alto. Quando ele não respondeu, o pânico começou.

-Dr. Slaski? - Eu chorei. - Dr. Slaski, acorde!

Meu grito acordou o criado. E o criado se levantou imediatamente, assustado.

-O que está acontecendo?O quê?

-Eu não sei - eu gaguejei. - Ele-ele não acordará.

Os dedos do criado voaram em cima do braço do avô de Paul, para sentir a pulsação.

A próxima coisa que eu soube é que ele tinha agarrado o velho e começou a bater no tórax dele.

-Chame o 911 - ele gritou pra mim.
Eu estava em pé sem entender nada.

- Ele há pouco estava falando comigo - eu disse. - Nós estávamos tendo uma conversa totalmente normal. Eu quero dizer, ele estava tossindo muito, mas... Mas ele estava bem. E então de repente.

O criado teve que dizer isto duas vezes.

-Chame o 911! Chame uma ambulância!


Foi ai que eu reparei que havia um telefone dentro do quarto. Eu o peguei e disquei. Quando a operadora surgiu na linha, eu disse a ela que precisávamos de uma ambulância e dei o endereço. Naquela hora, atrás de mim, o atendente tinha colocado uma máscara de oxigênio sobre o rosto do Dr. Slaski e estava enchendo uma seringa com alguma coisa.


- Eu não estou entendendo – Ele repetia sem parar – Ele estava bem, há uma hora atrás. Ele estava bem!


Eu também não entendia, só se o Dr. Slaski estava bem mais doente do que ele aparentava estar.
Não havia muito que fazer para ajudar, então eu achei melhor ir e contar a Paul que seu avô tinha tido algum tipo de ataque. Eu cheguei na sala bem a tempo de ver Kelly sentada no sofá ao lado de Paul com suas pernas enroscadas nas de Paul como um laço e sua língua colada da boca de Paul...Uma visão que eu pagaria um bom dinheiro para ser poupada.


Ignorando Kelly, eu disse:


-Paul, seu avô parece estar tendo um ataque de coração ou algo do tipo.
Paul olhou para mim por olhos meio opérculos. E Kelly quase “me comeu com os olhos”.


-O que? - Ele disse estupidamente.


-Seu avô - eu ergui uma mão para tirar os cabelos que estavam por cima dos meus olhos. Eu esperei que ele não notasse o tremor em meus dedos. - Uma ambulância está a caminho. Ele deve ter tido um ataque do coração ou algo do tipo.

Paul não me olhou surpreso. Ele disse ¨Oh¨ com uma voz do tipo decepcionada... Mas isso foi mais pelo o fato de ter sido interrompido com a sua *sessão beijação* com Kelly do que como o avô dele estava, todos nós sabemos com ele estava, morrendo.


-Esteja certa - Paul disse começando a tirar os pés de Kelly de cima dele.
-Pa-ul - Kelly Gritou. Ela deu ao nome deles duas sílabas, que soou como Paw-uol.


- Desculpe, Kel. – Paul disse, dando uma tapinha nela. – Meu avô teve uma overdose com seus medicamentos outra vez. Preciso tomar conta desses assuntos.


Kelly fez um bico.

– Mas a pizza ainda nem chegou!


- Nós teremos que deixar para outro dia, baby. – Ele disse.


Baby. Eu estremeci.


Então eu entendi o que ele tinha dito. Enquanto ele se movia, passando por mim para entrar no quarto de seu avô, eu o alcancei e segurei seu braço. – O que você quis dizer com overdose de medicamentos? – Eu falei.


- Ah. – Paul disse, olhando baixo para mim com um meio sorriso. – Porque foi isso que aconteceu?


- Como você sabe? Você nem mesmo o viu ainda!


- Hmm. – Ele disse, o sorriso ficou mais largo. – Porque talvez eu tenha contribuído para isso acontecer.

Eu deixei cair minha mão como se sua pele tivesse, de repente, em chamas. – Você fez isso? – Eu não podia acreditar no que eu estava ouvindo.
Exceto pelo fato de que eu deveria ter acreditado. Eu realmente deveria ter acreditado. Porque era Paul.
- Por Deus, Paul, por quê?


- Eu sabia que você estaria vindo vê-lo depois do que aconteceu hoje no leilão. – Ele disse dando de ombros. – E, francamente, eu não precisava brigar com o homem velho. Agora se você me dá licença...


Ele foi caminhando no corredor no sentido do quarto do seu avô. Eu olhei fixamente para ele, não acreditando realmente no que eu tinha acabado de ouvir.
No entanto...


No entanto fazia sentido. Esse era o Paul, além de tudo. Paul, um garoto cujo caráter era um pouco duvidoso.


Sentindo-me paralisada, eu voltei para a sala, onde Kelly calçava os sapatos e gritava em seu celular. – Não, eu estou dizendo para você, ela veio entrando aqui, exigindo saber o que eu fazia com seu namorado. Bom, está bem, ela não disse exatamente isso. Ela inventou alguma história que queria falar com o avô de Paul. É, eu sei, ele não pode falar. Eu sei, você já ouviu uma desculpa mais esfarrapada? Então ela... – Olhando para cima, Kelly me viu. – Ah, desculpe, Deb, tenho que desligar, ligo para você depois.

Ela desligou e apenas continuou lá, olhando para mim. – Obrigada. – Ela disse finalmente. – Por estragar o que, de outra maneira, podia ter sido uma noite realmente agradável.


Eu tentei lhe dizer a verdade - que eu não estragara nada. Paul foi quem aparentemente supermedicou seu avô. Pelo menos, aquilo parecia ser o que ele queria que eu acreditasse.

Mas qual era o ponto? Ela não acreditaria em mim, em todo o caso.


- Desculpe. – Foi tudo que eu disse e comecei a ir em direção à porta.


Quando eu a abri, entretanto, eu vi meu meio-irmão, Jake, lá e uma caixa de pizza em sua mão.


- Península Pizza, aquela que entrega em 27 minutos... – Sua voz travou quando me reconheceu. – Suze? O que você está fazendo aqui?


- Apenas indo embora. – Eu disse.


- É, bom, é melhor você ir. – Jake olhou de relance para seu relógio. – Senão você vai se atrasar para o jantar. E papai vai matá-la.


Contudo ainda havia uma coisa a fazer.


- Kelly. – Eu gritei para as escadas. – Sua pizza chegou! – Para Jake eu disse: – Espero que você tenha lembrado da pitada de pimenta.


Então eu saí.

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