terça-feira, 23 de agosto de 2011

A Mediadora - Crepúsculo, Meg Cabot - Cap 21

-Suze! Ouvi a voz da minha mãe me chamando do andar de baixo.
-Suze!
Eu estava sentada na minha penteadeira, admirando minha escova. CeeCee e eu tínhamos passado a tarde fazendo o cabelo e as unhas. CeeCee não precisava de escova... Seu cabelo louro branco é liso por ele mesmo. Mas ela fez um coque, e aí teve faniquitos a tarde toda, achando que não iria ficar firme.

Minha escova, entretanto, aparentemente tinha ficado boa, porque meu cabelo parecia tão escuro e sedoso quanto na hora que saí do salão.
-Suze! - minha mãe chamou pela terceira e última vez.
Dei uma olhada no relógio. E iria fazê-lo esperar por uns 5 minutos. Parecia tempo suficiente. 
-Estou indo - gritei, pegando minha bolsa e a estola transparente que combinava com meu vestido.

Fui para a porta do meu quarto e abri.Cheguei ao topo da escada e estava quase descendo, quando sobe o jake, carregando uma pesada mochila, cheia de livros. Da biblioteca.

-O inferno congelou? - perguntei quando ele passava por mim, a caminho de seu quarto.

-Nem começa, estou em prova final - ele rosnou. Então, logo quando ele estava na porta de seu quarto, ele se virou e disse:

-Bonito vestido - e desapareceu nos confins da sua caverna de solteiro.

Não pude evitar de sorrir. Esse é o primeiro cumprimento que eu jamais esperaria receber do Jake.
Comecei a descer a escada, uma das mãos segurando a pontinha do meu vestido longo. Percebi que era a mesma escada na qual Sra O’Neil me perseguira, 150 e tal anos atrás. Me perguntei, se com minha figura atual, ela teria me confundido com uma prostituta. De alguma forma, duvidei disso.
É legal, pensei, que tenhamos uma escada como essa. Uma escada que uma garota realmente pode fazer uma entrada triunfal. Cheguei ao ultimo platô, que basicamente servia para garotas que estavam indo ao seu primeiro Baile formal de inverno, para mostrar seus vestidos para as pessoas esperando na sala de estar, então parei, me preparando para fazer exatamente isso. 
Mas isso não aconteceu. Eu vi isso de primeira. Meu padrasto estava dando voltas correndo com uma colher com algo verde em cima, incitando todos que encontrou a provar, "só dar uma provadinha".
Minha mãe estava tentando configurar sua nova máquina digital, e não estava fazendo o melhor trabalho do mundo com ela. Meu meio-irmão mais novo, Dave, falava rapidamente sobre avanços novos na aeronáutica, que ele descobrira no Discovery Channel.E o cachorro da família, Max, estava enterrando seu focinho nas calças do smoking do meu acompanhante.

Eu suponho que seja uma bela cena típica, que por certo acontece em milhares de lares de noite.

Então porque meus olhos saltaram quando vi tal cena?
Oh, não, não era Andy e sua colher, nem minha mãe e sua câmera, nem Dave e sua convicção de que alguém gostaria de ouvir o que ele viu no programa da televisão.
Não, era o fato que o cachorro da família continuava enfiando seu nariz em lugares inapropriados do meu acompanhante, que o fez tentar afastar Max pra longe, que fizeram meus olhos saltar.

Porque Max podia cheirar meu acompanhante. Max podia, finalmente, cheirar Jesse.

David foi o primeiro a observar minha aterrissagem. Sua voz foi sumindo e ele ficou olhando fixamente para mim. Após um minuto, todos me olhavam fixamente.

Eu pisquei, especialmente quando Max enfiou sua cabeça embaixo das minhas saias.

-Ah suzinha! - minha mãe quase conseguiu, para a surpresa de todos... Especialmente para a dela mesmo... Tirar uma foto -Você está linda!

Andy, procurando uma outra vitima veio com sua colher para cima de mim, mas minha mãe não deixou.

-Andy, não chegue perto dela com essa coisa enquanto ela estiver com esse vestido - ela o avisou.

Aquilo me fez sorrir. Quando eu olhei para o jesse, vi que ele também estava sorrindo. um sorriso secreto, só para mim... Mesmo que agora, é claro, todo mundo podia vê-lo também.

Mas ainda me deixava sem fôlego, como sempre!

-Então - eu disse tão casualmente como eu pude com um nó na minha garganta. Mas esse ai era de felicidade - Vejo que vocês conheceram o Jesse. 
Andy pulou a introdução indo para a cozinha com apenas duas palavras:

-Ele serve.

Já a minha mãe estava sendo...
-É um prazer te conhecer - ela disse para o Jesse - agora venham aqui embaixo que eu quero uma foto dos dois juntos.
Eu desci o resto das escadas e fui ficar do lado do Jesse em frente à lareira. Ele parecia tão alto e bonito em seu smoking, eu mal podia agüentar! Eu mal podia dar atenção ao meu meio-irmão que estava me zoando na frente dele. Eu acho que esse tipo de coisa realmente não importa quando você quase perdeu a razão da sua existência e a conseguiu de volta, contra tudo e todos.

-Isso é para você - Jesse disse quando eu cheguei perto o bastante.
Ele me entregou alguma coisa que tinha estado segurando. Era uma única orquídea branca, do tipo que você só vê em funerais, ou em túmulos.
Eu peguei na mão dele e dei um sorriso levinho. Só eu e ele sabíamos o significado disso. Para a minha mãe, que logo veio arrumar o meu vestido antes de tirar a foto, era apenas um presente de mau gosto.

-Agora diga X! - ela disse e tirou a foto, graças a Deus sem nos fazer dizer isso.

Andy saiu da cozinha, agora sem sua colher, e começou a olhar de um jeito paternal.
-Agora, você vai trazê-la de volta para casa á meia noite, ouviu homenzinho? - ele disse, realmente gostando de ser pai de uma menina em vez de um menino para variar.
-Eu irei senhor! - Jesse respondeu.
-Uma - eu disse para o Andy.
-Meia noite e meia - Andy negociou.

-Meia noite e meia! - eu concordei. Eu tinha discutido apenas porque, bem, é isso que se faz. Não importava o horário que o Jesse tinha que me trazer para casa. Não quando nós tínhamos todas as nossas vidas juntos pela frente.
-Suze - minha mãe sussurrou enquanto ela arrumava minha estola do vestido - Nós gostamos dele, não nos leve a mal. Mas ele não é, bem, um pouco velho de mais para você? Quer dizer, ele está na faculdade, da idade do Jake.
Ah se ela soubesse!

-Isso nos faz mais ou menos com a mesma maturidade - eu a assegurei - garotas amadurecem mais rápido que os meninos.

Brad escolheu àquela hora para chegar balançando da sala de TV, onde ele tinha estado jogando videogame. Quando ele viu que ainda estávamos no hall de entrada seu rosto se encheu de tédio.

-Vocês caras ainda não foram embora? - ele perguntou quando voltava da cozinha.

Eu olhei para a minha mãe.

-Sei o que você quer dizer - ela disse e acariciou as minhas costas. Tenham uma boa festa!
Indo pra fora, Jesse olhou sobre seus ombros para certificar de que meus pais não estavam vendo, então ele segurou a minha Mão.

-Entre fazer isto de novo e uma eternidade no inferno - ele disse - Eu prefiro o inferno.

-Bem, você nunca mais terá que fazer isso de novo - Eu disse sorrindo - Agora eles conhecem você. E mais, eles gostaram de você.

-Sua mãe não - Jesse assegurou pra mim.

-Sim, ela gostou - eu disse - Ela só acha você um pouco velho pra mim.
-Se ela soubesse - Jesse disse, se expressando, como ele geralmente faz, exatamente o que eu estava pensando.
-Seu padrasto me convidou para jantar amanhã a noite.
-Jantar de domingo? - eu disse pasma - Ele realmente deve ter gostado de você.
Nós tínhamos chegado ao carro de Jesse - Bem, na verdade, era o carro do padre Dom. Mas o Padre D deixou Jesse usar para essa ocasião. Não, claro, que Jesse tinha licença para dirigir. Padre Dom estava trabalhando em dar uma certidão de nascimento... E um seguro social... E um cartão escola, assim ele poderia começar a fazer testes para a faculdade e para empréstimos, caso precisasse.

Mas o Bom padre tinha nos assegurado que, não seria difícil.
-A igreja - ele disse - tem maneiras.
-Madame - Jesse disse, abrindo a porta dianteira pra mim.
-Obrigada - eu disse, e entrei.
Jesse deu a volta e entrou pela porta do motorista, então, colocou a chave no contato.

-Você tem certeza de que sabe dirigir um desses? - Eu perguntei pra ele, só pra ter certeza.

-Susannah - Jesse ligou o carro - Eu não fiquei sentado comendo bombons por 150 anos quando eu era um fantasma. Eu fiz pequenas observações. E eu sei definitivamente - Ele começou a sair com o carro - Como dirigir.

-Ok. Apenas checando. Porque eu posso te dar uma mãozinha se você precisar.
Você ficará sentada aí onde você está - Jesse disse, fazendo uma curva na estrada da Pine Crest Road sem nem bater na caixinha de correio, que estava bem próxima, uma motorista com uma licença atual, era isso mesmo que estava parecendo - E linda, como uma senhorita.

-Espere, em que século nós estamos?
-Engraçadinha - ele disse, olhando irritadinho pra mim - Eu estou fazendo isso por você, usando esse terno de macaco.

-Pingüim.
-Suzannah.
-Eu só estou dizendo. Que é assim que é chamado. Você tem que ser manter atualizado para se adaptar melhor.
-Que seja - Jesse disse em uma perfeita imitação de - bem, de mim - que eu fui obrigada dar um leve tapinha em seu braço.
Sentada e olhando consideravelmente para o descanso inteiro do passeio de 2 milhas para a Missão. Quando nós chegamos lá, eu esperei Jesse dar a volta para abrir a porta do carro pra mim. Jesse me agradeceu, mencionando que o seu ego masculino tinha sofrido exames o suficiente na semana passada.

Eu sabia o que ele queria dizer e não o responsabilizei por se sentir daquela maneira. Ele basicamente foi carregado quase morto para o Hospital de Carmel, sem um passado, pelo menos não um que o ajudasse nesse século, sem família - exceto eu e o Padre Dominic - sem um centavo, senão fosse o Padre Dominic, de fato, O que será que teria acontecido? Oh, eu suponho que minha mãe e o Andy teriam que deixar Jesse viver conosco.

Mas eles provavelmente não seriam muito relevantes quanto a isso. Mas Padre Dominic tinha encontrado um pequeno - porém limpo e legal - apartamento e ele estava procurando um emprego. A faculdade viria depois, antes disse Jesse teria que estudar para o teste do SATS. Mas quando nós fomos até o Padre D. na entrada da danceteria - bem, era o pátio da Missão, que tinha sido transformado para a ocasião em um Oásis, com até pequenos raios de luz saindo em três cores diferentes do meio de uma fonte - ele fingiu que ele e Jesse estavam se encontrando pela primeira vez, por causa da irmã Ernestine, que estava parada próximo deles.

-Um prazer conhecer você - Padre Dominic disse, apertando a mão de Jesse.

Jesse tentava manter um sorriso em seu rosto.

- Eu digo o mesmo, Padre - Ele disse.
Depois que a Irmã Ernestine saiu e deu uma olhada para o meu vestido - Eu supus que ela estava esperando que eu estivesse usando um vestido com o umbigo de fora com uma baita aranhão e não o vestido branco de Jéssica MCClintock que eu estava usando - Padre D deixou de lado a façanha e disse para o Jesse: 
-Eu tenho uma ótima notícia. Consegui um trabalho.

Jesse olhou excitado. 
-Sério? Qual? Quando eu começo?
-Segunda de manhã, o salário não é muito, acho que você será realmente útil - falando sobre coisas velhas de Carmel no museu histórico da sociedade.
-Você acha que pode fazer isso por um tempo? Até conseguirmos uma universidade de medicina?

O sorriso forçado de Jesse - pra mim, em todo o caso - pareceu mais brilhante do que a lua.
-Eu acho que sim - ele disse.
-Excelente - Padre Dominic empurrou os seus óculos que estava mais sobre o nariz do que os próprios olhos e sorriu pra nós - Tenham uma ótima noite, crianças.

Jesse e eu asseguramos que teríamos, então fomos dançar.
Não era nada do décimo século, mas estava muito agradável - tinha bolinhos e chaperones. E tudo bem, tinha um DJ e uma máquina de fumaça, o que quer que aquilo seja - Jesse pareceu estar aproveitando, especialmente quando CeeCee e Adam vieram até nós e ele no meio de toda aquela agitação, apertou a mão deles e disse:

-Eu ouvi falar muito sobre vocês dois.
Adam, que não tinha a mínima idéia sobre a existência de Jesse, se espantou.
-Eu Não Posso dizer o mesmo - ele disse.
Mas CeeCee, se virou com aquele vestido dela, pálida, quando ouviu eu falar o nome de Jesse, que era familiar, ou pelo menos amigável pra ela.
-M-mas - ela gaguejou, olhando pra cara de Jesse até a minha e voltando a falar novamente - E - Você não está...

-Não mais - eu disse pra ela, e ela me olhou confusa e depois sorriu.
-Bem - ela disse. Então, ela falou mais alto - Bem!! Isso é maravilhoso!

Foi quando eu observei a sua tia próxima da gente, conversando com o Sr. Walden.
-O que ela faz aqui? - eu perguntei para CeeCee. 

Adam sorriu e, antes que ela pudesse dizer uma palavra, ele explicou - Ela é a companhia do Sr Walden. E eu acho que eles estão, não é?
-Eles não estão - CeeCee insistiu - Eles são apenas amigos.
 -Certo - Adam disse com um sorriso forçado.

-Suze - CeeCee puxando o enxarpe dela que estava caindo dos seus ombros - Vamos até o banheiro comigo?

-Eu já volto - Eu disse para Jesse.

-Como - CeeCee começou logo que ela me arrastou para banheiro das senhoras.

Mas ela Não podia saber mais nada, porque um bando de calouros se aglomeraram em frente aos espelhos que ficavam sobte a pia, checando seus cabelos.
-Eu contarei a você um dia - Eu disse pra ela sorrindo.
CeeCee animou a sua cara - Promete?

-Se você me contar como está indo com o Adam.

CeeCee olhou no espelho arrumando os seus cabelos.

-Sonho - ela disse. Então olhou pra mim - E pra você, também. Eu posso dizer pela sua cara.

-Sonho seria uma boa palavra pra isso - eu disse.
-Eu também acho. Bem, vamos. Não quero correr o risco do que Adam pode dizer a ele.

Nós nos viramos para a porta do banheiro e ela se abriu, e Kelly Prescott entrou. Ela me deu um olhar completamente irritado, e eu não entendi até ver quem estava vindo atrás dela, a irmã Ernestine, que estava segurando uma fita métrica em suas mãos. Então eu vi o que estava acontecendo, o vestido de Kelly era bem menor do que o normal, era bem acima do joelho.

CeeCee e eu saímos passando pelo corredor e sentindo a brisinha que vinha perto das colunas de pedra.

Pelo menos, eu sentia a brisinha até ver Paul.
Ele estava parado olhando, muito bonito em seu smocking, provavelmente esperando Kelly, que devia estar sendo medida com a fita da Irmã Ernestine. Ele se endireitou quando me viu.
-Ah, diga a Jesse que eu voltarei logo, você diz, Cee? - Eu disse.
CeeCee assentiu e foi para a pista de dança. Eu andei até onde Paul estava entre umas colunas de pedra, e disse:

-Olá.
Paul tirou a mão de seus bolsos.

– Olá - ele disse.
Então nem um de nós sabia o que dizer.

Finalmente, Paul disse - Eu encontrei Jesse lá fora.
Eu arregalei meus olhos - Eu encontrei Kelly lá dentro.
-Hum - Paul disse, olhando para a porta do banheiro das meninas.

Então ele disse:

-Eu... Meu avô perguntou de você.
-Sério? - Eu ouvi falar que o Dr. Slaski tinha ido pra casa depois do Hospital - Ele está...
-Ele está melhor - Paul disse - Muito melhor. E... Você estava certa sobre ele. Ele não é louco. Bem, ele é, mas não da maneira que eu pensava. Ele sabe muita coisa sobre... Pessoas como nós.
-Sim - eu disse - Bem, mande um oi pra ele por mim.
-Eu direi - Paul olhou inacreditavelmente inconfortável pra mim. Eu Não podia culpá-lo, sério. Era a primeira vez que nos ficávamos sozinho desde o incêndio... e o hospital. Eu tinha o visto na escola na semana seguinte, mas parecia que ele fazia de tudo pra me evitar.

Ele estava indo pelos corredores e o que eu pensava sobre que ele queria me evitar, pareceu se concretizar.
Mas ele não foi. Porque ele se virou e ele queria dizer mais alguma coisa.

-Suze. Sobre... O que aconteceu...
Eu sorri pra ele.

-Está tudo bem, Paul - Eu disse - Eu já sei.
Paul olhou confuso.

 -Sabe? Sabe o que?
-Sobre o dinheiro - eu disse - Os doze milhões de dólares que você doou para os fundos da igreja, principalmente para os Gutierres. Eles aceitaram e, de acordo com o Padre Dominic, eles ficaram muito gratos.
-Oh - Paul disse. E ele ficou vermelho, sério - É. O que. O que eu ia falar não era isso. O que eu ia falar é que... Você... Você estava certa.
Eu pisquei pra ele.

-Eu estava? Sobre o que?

-Meu avô - ele limpou a sua garganta. Eu poderia dizer o quão duro estava sendo pra ele admitir isto. E eu poderia dizer mais, que ele necessitava dizer isso, muito estranho - Bem, não só sobre o meu avô, mas sobre... Bem, tudo.
Eu arregalei meus olhos. Isso era bem mais do que eu podia esperar.
-Tudo? - Eu ecoei, esperando que ele confirmasse pra ter certeza de que foi o que eu ouvi mesmo.
Ele concordou - sim, tudo.
-Tudo o que - eu tinha que ter certeza - Você e eu?
Ele assentiu, mas não muito feliz.
-Eu deveria ter conhecimento disto em todo o tempo - ele disse lentamente, como se as palavras começassem a sair forçadas - Como você se sente sobre ele, eu suponho. Você me disse vezes o suficiente. Mas isto não... Não foi realmente convincente naquela noite no celeiro, quando você... você disse pra ele. Porque nós estávamos lá. O fato de que você não queria deixar que ele morresse.
-Nós não precisamos falar sobre isso - Eu disse, porque pensar naquela noite deixava o meu peito apertado - Sério.
-Não - Paul disse, os olhos azuis dele olharam pra mim - Você não entende. Eu preciso dizer. Eu nuca - Suze. Eu nunca senti algo assim por ninguém antes. Não até você, até você entrar no meio daquele fogo. Quando eu não fui salvar você. Durante o fogo e tudo.
-Mas você foi ótimo depois de tudo - eu disse, esticando as minhas mãos até o ombro dele. Eu achei que ele precisava disso -Me ajudando a levar o Jesse para o hospital e tudo.
Ele parecia mesmo inconformado - Não foi nada. O que Jesse fez - Pulando par tirar você do fogo - e ele mal conhecia você...
-Está tudo bem, Paul - eu disse - De verdade.
Ele parecia não acreditar – Verdade?
-Verdade - eu disse, e era verdade. Então eu virei para a porta do banheiro das meninas - Juntos, eu sempre achei que vocês dois são perfeitos, mudando de assunto.
-Sim - Paul disse, olhando pra mim - eu acho.
Então, para a minha surpresa, ele estendeu a sua mão direita.

-Sem ressentimentos, Simon?

Eu olhei para a mão dele. Parecia inacreditável, mas eu realmente não tinha nenhum. Sem ressentimentos entre nós, eu acho, Não agora, não mais.
Eu apertei a mão dele.
-Sem ressentimentos - eu disse.
Então a porta do banheiro se abriu e Kelly saiu, com o seu porte realmente alterado porque a Irmã Ernestine tinha esticado o seu vestido até os joelhos.
Kelly teve algumas coisas pra dizer enquanto se aproximava até onde nós estávamos.

-Mas pelo menos ela não te fez voltar pra casa e mudar de roupa - Eu interrompi a reclamação que ela estava fazendo.
Kelly apenas piscou pra mim.

-Quem é esse cara? - Ela quis saber.

Eu olhei sobre meu ombro. Jesse estava se aproximando até nós.

Meu coração, como sempre quando eu o via, batia forte e parecia que ia sair do meu peito.
-Ah, ele? - Eu disse ocasionalmente - Aquele é apenas Jesse, Meu namorado.
Meu namorado. Meu namorado.
Os olhos de Kelly foram até os seus limites para ver Jesse vindo até onde nós estávamos parados. E pegou a minha mão.
-Paul - ele disse com um aceno.
-Olá, Jesse. - Paul disse, olhando inconfortável. Então, se lembrando de Kelly, ele a apresentou.
-É um grande prazer conhecer você - Jesse disse, apertando a mão de Kelly.
Ela, entretanto, pareceu levar um choque demorando pra responder do jeito que estava. ela estava apenas olhando pra Jesse como se ela já o tivesse visto...
Bem, não como um fantasma, exatamente. Mais como alguma coisa que ela não podia entender. Eu podia ver a vontade dela de querer entender. O que este cara está fazendo com a Suze Simon?
Eu não sei bem se foi isso que ela pensou sobre ele... ou sobre mim.
Tentando não parecer muito convencida, eu peguei o braço de Jesse e disse:


-Bem, vejo vocês por aí e levei Jesse para a pista de dança.
-As coisas com Paul estão...? - Jesse arregalou os seus olhos escuros questionando o modo como eu levei os meus braços até o seu pescoço.
-Bem - eu disse.
-E você sabe porque...?
-Ele me disse.
-E você acreditou nele?
-Você sabe que? - eu levantei a minha cabeça dos ombros de Jesse que eu tinha encostado - Eu acredito.
-Eu vi - Jesse parado lá enquanto eu balançava com a música.

-Susannah? O que você está fazendo?
-Eu estou dançando com você.
Jesse olhou para os nossos pés, mas não pode ver então, porque o meu longo vestido os cobria.
-Eu Não sei dançar esta - ele disse
-É fácil - Eu disse. Eu tirei as minhas mãos do pescoço dele e levei suas mãos até a minha cintura. Então eu coloquei as minhas mãos de volta no seu pescoço - Agora balance.
Jesse começou.
-Veja - Eu disse. - Você está indo bem.
A voz de Jesse soou no meu ouvido um bocado forte - Como essa dança se chama? - ele perguntou.

-Lenta - Eu falei - É chamada de música lenta.
Jesse não disse muita coisa depois disso. Ele estava pegando realmente rápido os costumes sociais do século XXI.
Eu não sei quanto tempo depois disso eu levantei minha cabeça vi meu pai ali.
Dessa vez, eu não tomei um susto. Eu meio que estava esperando para vê-lo.
-Oi, querida. - ele falou.
Eu parei de dançar e falei pra Jesse:

-Você pode me dar licença um minuto? Tem alguém que eu tenho que, hum, trocar uma palavrinha.
Jesse sorriu.

-É claro.
Com meu coração inchando de adoração por ele, eu corri para detrás da palmeira que meu pai estava escondido.
-Ei - eu falei, meio ofegante -Você veio.
-É claro que eu vim. - Meu pai disse - A primeira dança verdadeira da minha garotinha? Você acha que eu iria perder?
-Não é por isso que eu estou feliz que você veio. - Eu falei, pegando sua mão. - Eu queria te agradecer.
-Me agradecer? - Meu pai pareceu confuso. - Por que?
-Pelo que você fez pelo Jesse.
-Pelo Jesse? - Aí que ele compreendeu, e soltou minha mão, me olhando envergonhado. - Ah, aquilo.
-Sim, aquilo. - Eu falei, apertando sua mão novamente. - Pai, Jesse me contou. Se você não tivesse feito ele ir ao hospital naquela hora, eu o teria perdido pra sempre.
-Bem, - ele falou, olhando como se quisesse estar em outro - qualquer outro - lugar. Na verdade, ele olhou... bem, como se estivesse em outro lugar. Ele estava bem menos luminoso que o normal.

-Quero dizer, você estava chorando. E me chamando. Enquanto você devia estar chamando Jesse.
-Eu achei que Jesse tinha ido, - Eu falei. - Então eu te chamei. Porque você sempre está lá quando eu realmente preciso. E você esteve lá agora, de novo. Você o salvou, pai. E eu só queria que você soubesse o quanto isso me importa. Especialmente desde que eu sei que você não concordava com a minha ida - você sabe - em primeiro lugar.
Meu pai estendeu a mão para ajeitar a minha orquídea. Mas, por alguma razão, ao invés dele pegar a flor, seus dedos pareceram passar pela pétala de plástico. De repente, eu entendi o que estava acontecendo.

E não tinha nada que eu pudesse fazer, além de ficar lá, olhando para ele, com lágrimas se acumulando em meus olhos.
-É, me desculpe por aquilo. - Meu pai continuou, mencionando seu desacordo sobre eu voltar no tempo pra "salvar" Jesse. Ele estava crescendo psicologicamente na morte, e morrendo em cada palavra.
E não era só porque eu estava olhando para ele com lágrimas escorrendo pelo meu rosto. -É só que se você tivesse voltado no tempo e salvado minha vida, isso seria como... Bem, como se eu tivesse morrido e estivesse vagando por esses 10 anos por nada.
-Não foi por nada, pai. - Eu falei, apertando sua mão com o máximo de força que eu podia, e enquanto eu apertava, eu a sentia indo embora. - Foi por Jesse. E por mim. E é por isso que você está pronto para seguir em frente. Olhe para si mesmo.
Meu pai olhou para si e então para mim, claramente impressionado.
-Tá tudo bem, pai. - Eu falei, levantando minha mão livre para enxugar as lágrimas do meu rosto.
Era quase impossível vê-lo agora... Só um pouco de cor e luz, e uma leve pressão em minha mão. Mas eu posso falar que ele estava sorrindo. Sorrindo e chorando ao mesmo tempo. Exatamente como eu.

-Eu sentirei sua falta.
-Cuide de sua mãe por mim. - Ele falou rápido, como se estivesse com medo de ser arrancado dali antes de acabar de falar.
-Eu vou. - Eu prometi.
-E fique bem. - Ele falou.
-E eu não estou? - Eu falei, com minha voz tremendo.
E de repente, com um brilho, ele desapareceu.
Pra sempre.
Demorou muito tempo para que eu fosse até onde Jesse estava. Eu chorei muito ali, atrás das palmeiras, até reparar o estrago que isso causara em minha maquiagem, que estava em minha bolsa. Quando eu finalmente voltei para Jesse ele me olhou e sorriu.
-Ele se foi? - Ele perguntou.
-Ele se foi. - Eu falei automaticamente. Então eu percebi.
-Jesse... - Eu o encarei. - Você pode? Você...
-Vi você falando com seu pai há pouco tempo? - Ele falou, levantando um pouco as pontas dos lábios. - Sim.

-Então você pode... - Eu estava completamente chocada. - Você pode...
-Ver e falar com fantasmas? - Jesse sorriu, com o brilho da lua sobre ele. - Aparentemente sim. Por quê? Isso é um problema?
-Não. Exceto que... Você deve ser... - eu dificilmente podia acreditar no que eu estava falando. - Isso que dizer que você é um...
-Mi Hermosa, - Jesse disse, me puxando para perto dele. - Vamos dançar.
Mas eu estava muito confusa pra pensar em outra coisa. Jesse - Meu Jesse - não era mais um fantasma. Ele era um mediador.
Como eu.

-A única coisa que eu não consegui entender, - Jesse sussurrou, sua respiração em minha orelha - É porque isso o manteve aqui todo esse tempo.
Eu deslizei nos braços de Jesse, registrando, confusa, o que ele havia dito. Jesse é um mediador. Era a única coisa que eu conseguia pensar. Jesse é um mediador agora.
-Seu pai. - Jesse falou. - Ele está partindo. Por que agora?
Eu pus meus braços em volta de seu pescoço. O que mais eu poderia fazer?
-Você realmente não sabe? - Eu o perguntei
Ele balançou a cabeça.
Eu sorri, porque eu me senti como se meu coração pudesse explodir de felicidade.

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