segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O Morro dos Ventos Uivantes, Cap XlV

Mal terminei de ler a carta, corri a informar o meu patrão de que a irmã chegara ao Morro e me escrevera, expressando o seu sofrimento pela situação em que a Sra. Linton se encontrava e o seu ardente desejo de o ver e de que ele lhe transmitisse, através da minha pessoa e o mais breve possível, o seu perdão.
— Perdão! — exclamou Linton. — Nada tenho a perdoar-lhe, Ellen. Se você quiser, pode ir ao Morro esta mesma tarde, dizer-lhe que não estou zangado com ela e sim muito triste por tê-la perdido. . . principalmente por­que não posso convencer-me de que ela vá ser feliz. Con­tudo, eu ir vê-la está fora de questão: estamos para sempre divididos; se ela realmente quiser fazer-me um favor, terá de convencer o canalha com quem se casou a deixar esta região.
— O senhor não lhe vai escrever nem um bilhete? — perguntei, quase implorando.
— Não — respondeu ele. — É inútil. Meu contato com a família de Heathcliff será como o dele com a mi­nha: inexistente!
A frieza demonstrada por meu patrão deprimiu-me de maneira extraordinária. Durante todo. o caminho até o Morro, fui pensando em como repetir o que ele dissera de maneira menos fria e em como tentar abrandar a sua recusa em escrever ao menos umas poucas linhas para consolar Isabella. Ela devia estar à minha espera desde de manhã cedo: vi-a olhando através da gelosia, ao subir a aléia do jardim, e fiz-lhe um aceno com a cabeça; mas ela se retirou da janela, como se temendo ser descoberta. Entrei sem bater. Que aspecto horrível apresentava aquela casa, outrora tão acolhedora! Devo confessar que, se esti­vesse no lugar de Isabella, teria, ao menos, varrido a la­reira e espanado os móveis. Mas ela já parecia invadida pelo espírito de relaxamento que reinava na casa. Seu bo­nito rosto estava abatido e apático; o cabelo, despenteado: alguns cachos pendiam de qualquer maneira, outros esta­vam enrolados de qualquer jeito à volta da cabeça. Apa­rentemente não tinha mudado de roupa desde o dia ante­rior. Hindley não estava presente. O Sr. Heathcliff estava sentado à mesa, passando em revista uns papéis que tinha na carteira; mas levantou-se quando me viu entrar, per­guntou-me afavelmente como estava e ofereceu-me uma cadeira. Era a única coisa de aparência decente, naquela casa — aliás, nunca o tinha visto com melhor cara. As circunstâncias tinham sofrido tais alterações, que uma pes­soa de fora o teria tomado por um perfeito cavalheiro, e à sua esposa como uma mulher do povo! Ela avançou para mim, ansiosa, estendendo a mão para receber a esperada carta. Abanei a cabeça. Ela não compreendeu; seguiu-me até junto de um móvel, onde pousei o meu chapéu, e pediu-me, num sussurro, que lhe desse logo o que trouxera. Heathcliff adivinhou o que ela me estava dizendo e falou:
— Se você tiver algo para entregar a Isabella (como decerto tem, não é, Nelly?), dê-lhe logo. Não precisa fazer segredo! Nós não temos segredos.
— Oh, mas eu não tenho nada para lhe dar — repli­quei, achando melhor falar logo a verdade. — Meu patrão mandou-me dizer à irmã que não espere nem carta, nem visita dele, por enquanto. Pediu-me para lhe transmitir o seu carinho e os seus votos de felicidade, além do seu perdão pelo sofrimento que lhe causou, mas acha que não deve haver mais comunicação entre as duas casas, pois nada de bom resultaria dela.
O queixo da Sra. Heathcliff tremeu ligeiramente e ela voltou para o seu lugar, junto à janela. Seu marido postou-se perto da lareira, onde eu estava, e começou a fazer-me perguntas sobre Catherine. Contei-lhe o que achava con­veniente dizer-lhe da sua doença e ele conseguiu saber, através de um autêntico interrogatório, a maioria dos fatos relacionados com a origem da enfermidade. Culpei-a, como ela merecia, por ter sido a causadora de tudo e terminei declarando esperar que ele seguisse o exemplo do Sr. Lin­ton, evitando futuro contato com a família dele, fosse para o que fosse.
— A Sra. Linton está começando a recuperar-se — disse eu. — Nunca voltará a ser a mesma, mas pelo menos conseguiu sobreviver; e, se o senhor se interessa realmente por ela, evitará, daqui por diante, todo contato com a minha patroa. . . mais do que isso, sairá desta região; e, para que isso não o faça sofrer, devo-lhe informar que Catherine Linton está tão diferente da sua velha amiga Catherine Earnshaw quanto a sua esposa é diferente de mim. Seu aspecto mudou muito, sua maneira de ser, ainda mais; e a pessoa obrigada a ser seu companheiro doravan­te só terá, para sustentar-lhe o afeto, a lembrança do que ela foi, o sentimento de humanidade e do dever!
— É bem possível — observou Heathcliff, fazendo força para aparentar calma —, é bem possível que o seu patrão nada mais tenha por Catherine senão um sentimento de humanidade e de dever. Mas você pensa que eu vou deixá-la à mercê do seu senso de dever e de humanidade? E será que você compara o que eu sinto por ela ao que ele sente? Antes de você ir embora, quero que me prometa fazer com que eu a veja: mesmo que você recuse hei de vê-la! Qual a sua resposta?
— A minha resposta, Sr. Heathcliff — repliquei —, é que o senhor não deve tentar vê-la; jamais a verá, por meu intermédio. Outra cena entre o senhor e o meu patrão sem dúvida a mataria.
— Com a sua ajuda, isso pode ser evitado — conti­nuou ele. — E, se houvesse o perigo de que isso aconte­cesse ... se ele fosse a causa de mais um sofrimento na vida dela. . . bem, eu acho que teria justificação para che­gar a extremos! Gostaria que você fosse suficientemente sincera para me dizer se Catherine sofreria muito com a morte dele: apenas esse medo me contém. E aí você pode ver a diferença entre os meus sentimentos e os dele: se ele estivesse no meu lugar e eu no dele, e embora eu o odiasse com todas as minhas forças, jamais teria levantado a mão contra ele. Pode mostrar-se incrédula à vontade! Eu nunca o teria expulso do convívio dela, enquanto ela o desejasse. Tão logo visse que ela não mais se interessava por ele, eu lhe arrancaria o coração e lhe beberia o san­gue! Mas até então (e se você não crê em mim é porque não me conhece), até então eu teria preferido estourar de ódio a tocar-lhe num simples fio de cabelo!
— Entretanto — interrompi — o senhor não se im­porta de deitar por terra toda a esperança de que ela se recupere inteiramente, querendo vê-la quando ela já quase o esqueceu e envolvendo-a num novo tumulto de discórdia e angústia.
— Você acredita que ela quase me tenha esquecido?
— retrucou ele. — Oh, Nelly, você sabe muito bem que ela não me esqueceu! Sabe tão bem quanto eu que, para cada vez que ela pensa em Linton, pensa mil vezes em mim! No período mais horrível da minha vida, cheguei a julgar isso; quando voltei, esse medo me torturava, mas agora só se ela mesma me dissesse eu acreditaria nisso. Então, Linton nada mais significaria, nem Hindley, nem tudo aquilo com que sonhei. Duas palavras apenas resumiriam o meu futuro: "morte" e "inferno"; depois de perdê-la, a existência, pa­ra mim, seria um inferno. Contudo, fui suficientemente idiota para pensar, mesmo por pouco tempo, que ela dava mais valor ao devotamento de Edgar Linton do que ao meu. Mesmo que ele a amasse com todas as forças do seu insignificante ser não poderia amá-la, em oitenta anos, tanto quanto eu num só dia. E Catherine tem um coração tão profundo quanto o meu: era mais fácil o mar caber todo naquela manjedoura do que o coração dela ser mono­polizado por ele! Ora, ele pouco mais é, para ela, do que o seu cão ou o seu cavalo. Não pode ser amado como eu sou: como é que ela poderia amar nele o que ele não tem?
— Catherine e Edgar gostam muito um do outro — exclamou Isabella, com inesperada vivacidade. — Ninguém tem o direito de falar dessa maneira e não permitirei que o meu irmão seja mencionado com tanto desprezo!
— Seu irmão também gosta muito de você, não é?
— comentou Heathcliff, sarcástico. — E olhe com que facilidade ele a abandonou!
— Ele não sabe como eu sofro — replicou ela. — Eu não lhe disse.
— Quer dizer que você lhe contou alguma coisa, então; você lhe escreveu, não foi?
— Para lhe contar que estava casada. Você viu o bilhete.
— E depois disso, nada mais?
— Nada.
— Permitam-me dizer que ela está tristemente mu­dada desde que casou — falei. — Evidentemente, o amor está em falta. Posso imaginar de quem é a culpa, mas talvez não deva dizer.
— Pois eu lhe digo que é dela mesma! — falou Heathcliff. — O seu amor degenerou de tal maneira, que já se cansou de tentar me agradar. Parece mentira, mas na manhã seguinte ao nosso casamento ela já estava chorando que queria voltar para casa. Contudo, acho que ela é bem adequada a esta casa e tomarei bem conta de que não me desonre.
— Bem — retruquei —, espero que o senhor leve em consideração que a Sra. Heathcliff está habituada a ser cuidada e servida; que foi criada como filha única, com toda a gente pronta para servi-la. O senhor tem de lhe dar uma criada e tratá-la com carinho. Seja qual for a sua opinião a respeito do Sr. Edgar, não pode duvidar de que sua esposa seja uma pessoa dedicada e amorosa, ou não teria abandonado a elegância, o conforto e a ternura que a rodeavam em sua casa para vir morar num lugar destes, com o senhor.
— Ela abandonou tudo isso completamente iludida — respondeu ele —, imaginando-me como um herói de romance e esperando uma indulgência ilimitada do meu cavalheiresco devotamento. Mal posso considerá-la uma criatura racional, tal a obstinação com que ela teimou em formar uma idéia fabulosa do meu caráter e em agir de acordo com as falsas impressões por ela deduzidas. Mas, finalmente, acho que ela está começando a me conhecer: não vejo mais os sorrisos e as caretas imbecis que a prin­cípio me provocavam; nem a estúpida incapacidade de perceber que eu falava a sério, quando lhe dei a minha opinião sobre a sua paixãozinha boba e a sua própria pessoa. Houve tempo em que pensei que ela jamais enten­deria isso! E a verdade é que entendeu apenas em parte; pois ainda esta manhã anunciou, como se tivesse desco­berto a pólvora, que eu conseguiria fazer com que ela me odiasse! Positivamente, um autêntico trabalho de Hércu­les! Se for verdade, terei motivo para lhe agradecer. Posso confiar na sua declaração, Isabella? Você tem a certeza de que me odeia? Se eu a deixasse sozinha durante meio dia, você não viria, suspirando, outra vez para mim? Acho que ela gostaria que eu tivesse afetado ternura, diante de você: a verdade fere-lhe o amor-próprio. Mas eu não me importo com que se saiba que a paixão foi só do lado dela: nunca lhe menti a esse respeito. Ela não me pode acusar de tê-la enganado. A primeira coisa que me viu fazer, ao deixarmos a granja, foi enforcar o seu cachorrinho; e, quando ela suplicou que eu o poupasse, as primeiras palavras que falei foram para expressar a vontade que eu tinha de enforcar todos os seres relacionados com ela, me­nos um; possivelmente ela acreditou ser a exceção. Mas ne­nhuma brutalidade a repugnava; acho que ela tem uma admiração inata pela brutalidade, desde que a sua precio­sa pessoa fique a salvo. Ora, não é o cúmulo do absur­do. . . da idiotice, esse espírito tacanho, servil e desprezível sonhar, sequer, que eu poderia ter-lhe amor? Diga ao seu patrão, Nelly, que nunca, em toda a minha vida, eu vi coisa mais abjeta do que ela. Chega a desonrar o nome de Linton. Às vezes abstive-me, por pura falta de imaginação, de levar avante as minhas experiências sobre o que ela é capaz de suportar; e mesmo assim ela parece ter prazer em se arrastar! Mas diga-lhe também que o seu coração de irmão e magistrado pode ficar sossegado, que eu me mantenho estritamente dentro dos limites da lei. Evitei, até agora, dar-lhe o mínimo direito de pedir uma separa­ção; e, o que é mais, ela não agradeceria que ninguém nos separasse. Se fosse seu desejo ir embora, muito bem; a repulsa que a sua presença me causa excede o prazer que eu possa ter em atormentá-la!
— Sr. Heathcliff — disse eu —, o senhor fala como se estivesse louco e a sua esposa, provavelmente, está con­vencida disso; por essa razão aturou-o até agora; mas, já que o senhor diz que ela pode ir embora, decerto ela aproveitará mais que depressa a licença. A senhora por certo não está enfeitiçada a ponto de ficar com ele de livre e espontânea vontade!
— Cuidado, Ellen! — respondeu Isabella, os olhos brilhantes de ira; pela expressão deles, não havia dúvida de que Heathcliff conseguira inteiramente fazer-se detestar.
— Não acredite numa única palavra que ele diz. É um
demônio mentiroso, um monstro, não um ser humano! Já me disse antes que podia ir embora; fiz uma tentativa, mas não ouso repeti-la! Apenas lhe peço, Ellen, que você não conte nada desta conversa infame a meu irmão ou a Catherine. Embora finja outra coisa, o que ele quer é levar Edgar ao desespero: diz que casou comigo de propósito, para obter poder sobre ele; mas não obterá. . . será preciso que eu morra primeiro! Espero e peço a Deus que ele esqueça a sua diabólica prudência e me mate! O único prazer que eu posso ter é morrer ou vê-lo morto!
— Pronto. Agora chega! — disse Heathcliff. — Se você for chamada a depor num tribunal, Nelly, espero que se lembre da linguagem dela! E olhe bem para o seu rosto; ela está próxima do ponto que eu quero. Não, você não está em condições de tomar conta de si mesma, Isa­bella; e eu, na qualidade de seu protetor legal, tenho de mantê-la sob a minha custódia, por mais desagradável que isso seja. Vá para cima; tenho algo a tratar com Ellen Dean em particular. Esse não é o caminho; para cima, já lhe disse! É por aqui que se vai para cima!
Agarrou-a por um braço e expulsou-a da sala, mur­murando, ao voltar para junto de mim:
— Não tenho piedade! Não tenho piedade! Quanto mais se contorcem os vermes, mais vontade eu sinto de esmagá-los! É uma compulsão moral; e esmago-os cada vez com mais força, à medida que a dor aumenta.
— O senhor compreende o significado da palavra "piedade"? — perguntei, apressando-me em colocar o cha­péu. — Alguma vez sentiu piedade, em toda a sua vida?
— Espere! — interrompeu ele, percebendo a minha intenção de ir embora. — Você não vai já. Escute, Nelly: tenho de convencê-la ou obrigá-la a me ajudar a ver Catherine, e sem demora. Juro que não pretendo causar trans­torno, nem exasperar ou insultar o seu patrão; só quero saber, da boca de Catherine, como ela está e por que este­ve doente; e perguntar-lhe se posso fazer algo por ela. Ontem à noite estive durante seis horas no jardim da granja e voltarei lá esta noite. . . e todas as noites e todos os dias, até encontrar uma oportunidade de entrar. Se Edgar Linton me enfrentar, não hesitarei em abatê-lo. Se os seus criados se voltarem contra mim, eu os ameaçarei com estas pistolas. Mas não seria melhor evitar que eu desse de cara com eles ou com o patrão? Você podia fazer isso tão facilmente! Eu lhe avisaria da minha chegada e você me deixaria entrar sem ser visto, quando ela estivesse a sós, e ficaria de sentinela até eu partir, com a consciência perfeitamente sossegada, pois estaria prevenindo aborre­cimentos.
Protestei contra esse papel traiçoeiro que ele queria que eu desempenhasse em casa do meu patrão; além disso, fiz-lhe ver que era crueldade e egoísmo querer destruir a tranqüilidade da Sra. Linton em troca da sua satisfação; — A ocorrência mais comum é o bastante para pertur­bá-la dolorosamente — falei. — Ela parece um feixe de nervos e tenho a certeza de que não poderia agüentar a surpresa. Não insista, ou serei obrigada a informar o meu patrão das suas intenções; e ele tomará medidas para pro­teger a casa e seus moradores contra tão indesejadas in­trusões!
— Nesse caso, eu tomarei medidas contra você! — exclamou Heathcliff. — Você não sairá do Morro dos Ventos Uivantes senão amanhã de manhã. É absurdo dizer que Catherine não agüentaria ver-me; quanto a surpreen­dê-la, não é meu desejo: você tem de prepará-la, pergun­tar-lhe se eu posso ir visitá-la. Você diz que ela nunca menciona meu nome e que nunca lhe falam de mim. A quem iria ela falar de mim, se sou assunto proibido naquela casa? Ela pensa que vocês são todos espiões do marido. Oh, imagino como ela se deve sentir num inferno, entre vocês! Imagino pelo seu silêncio, como se ela me contasse, o que sente. Você diz que ela muitas vezes parece inquieta e angustiada; isso é prova de tranqüilidade? Você diz que ela está com o espírito perturbado; como diabos poderia ser de outra maneira, na horrível solidão em que vive? E pensar que aquela insípida, desprezível criatura a atende apenas por dever e humanidade! Por piedade e caridade! Seria tão absurdo ele plantar um carvalho num vaso de flores e esperar que crescesse como imaginar que pode restaurar-lhe o vigor no solo dos seus mesquinhos cuida­ dos! Vamos resolver isto de vez: você fica aqui e eu abro caminho para Catherine lutando contra Linton e seus la­caios? ou você resolve ser minha amiga, como até aqui tem sido, e faz o que lhe peço? Decida, pois não há razão para que eu espere mais um minuto, se você resolver per­sistir na sua teimosa má vontade!
Bem, Sr. Lockwood, eu discuti e lamentei-me e re­cusei-me categoricamente cinqüenta vezes — mas ele aca­bou forçando-me a um acordo. Comprometi-me a levar uma carta dele à minha patroa; e, caso ela consentisse, prometi avisá-lo quando Linton se ausentasse, quando é que ele poderia ir à granja e entrar na casa: eu não estaria lá, nem os outros criados. Agira mal ou bem? Temia ter agido mal mas pensava estar evitando uma nova explosão e, também, que a visita poderia provocar uma crise favorável na doença mental de Catherine; depois lembrei-me da descompostura que o Sr. Edgar me dera por eu ter servido de intermediária, e tentei acalmar a minha preocupação afir­mando e repetindo que aquela quebra de confiança — se é que merecia um nome tão severo — seria a última. Não obstante, o meu caminho de volta foi mais triste do que o de ida; e tive muitos escrúpulos antes de me decidir a en­tregar o bilhete à Sra. Linton.
Mas o Dr. Kenneth está chegando; vou descer e di­zer-lhe que o senhor está muito melhor. Minha história é curiosa, como dizemos aqui, e amanhã continuaremos com ela.
"Curiosa e lúgubre!", pensei, enquanto a boa mulher descia para receber o médico — e não exatamente do tipo que eu teria escolhido para me distrair. Mas não faz mal! Saberei extrair bons remédios das amargas ervas da Sra. Dean; e, sobretudo, saberei tomar cuidado com o fascínio que espreita nos olhos brilhantes de Catherine Heathcliff. Que seria de mim, se entregasse o coração a essa linda jovem e a filha se revelasse uma segunda edição da mãe!

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