sexta-feira, 1 de julho de 2011

MELANCIA - MARIAN KEYES Cap.2

Judy tirou-me do hospital alguns dias depois. Ela reservara uma passagem
para mim e minha filha num vôo apenas de ida para Dublin. Levou-me para casa a
fim de fazer as malas.
Nesse ínterim, não tive qualquer notícia de James. Cambaleava de um lado
para outro numa espécie de nevoeiro cheio de dor.
Algumas vezes, simplesmente não conseguia acreditar naquilo. Tudo que ele
me dissera parecia um sonho. Eu não podia realmente me lembrar dos detalhes,
mas sim do sentimento. Aquele sentimento doentio de que alguma coisa estava
errada.
Mas algumas vezes a perda aparecia como astro especialmente convidado.
Ela me invadia. Tomava conta de mim. Era como uma força física. Batia em
mim, tirando-me a vida. Tirava-me o fôlego. Era selvagem.
A perda me odiava.
Só assim se explicaria que me magoasse tanto.
Não consigo realmente lembrar como passei aqueles dias no hospital.
Só me lembro vagamente de minha perplexidade, quando todas as outras
novas mães falavam de como suas vidas agora estavam mudadas para sempre, de
como as coisas jamais tornariam a ser as mesmas, os problemas de terem de
ajustar suas vidas à chegada do novo bebê e tudo isso.
Mas eu não podia ver qual era o problema. Já não podia imaginar a vida sem
minha filha. "Somos eu e você, querida", sussurrava para ela.
O fato de termos sido abandonadas pelo homem de nossas vidas
provavelmente intensificou nosso processo de ligação. Nada como uma crise para
juntar as pessoas, como dizem.
Passava muito tempo sentada, quieta, segurando-a.
Tocar seus minúsculos, realmente minúsculos pezinhos de boneca, seus
perfeitos dedinhos rosados em miniatura, seus punhos bem fechados e revirados
para cima, seu rostinho inacreditavelmente pequeno, imaginando de que cor seriam
seus olhos.
Ela era tão linda, tão perfeita, um verdadeiro milagre.
Tinham-me dito que eu sentiria um amor total por minha filha; sabe Deus que
ninguém pode dizer que eu não fora avisada. Mas nada poderia ter-me preparado
para aquela intensidade. Aquela sensação de que eu mataria qualquer pessoa que
tentasse tocar num fio de cabelo louro de sua cabecinha macia.
Eu podia entender que James me deixasse - bem, falando a verdade eu não
podia -, mas realmente não podia entender que ele deixasse aquela criancinha linda
e perfeita.
Ela chorava muito.
Mas, na verdade, não posso queixar-me, porque eu também chorava.
Tentava repetidas vezes consolá-la, mas ela raramente parava.
Depois de chorar por cerca de oito horas seguidas no primeiro dia, e após
mudar sua fralda 120 vezes e tê-la alimentado 49, fiquei ligeiramente histérica e pedi
que um médico a examinasse.
Deve haver alguma coisa terrivelmente errada com ela - declarei ao jovem com
aspecto exausto que era o médico. - Ela não pode estar com fome e não está (eu
ria, levemente, enquanto dizia isso) "suja", mas não pára de chorar.
Bem, nós a examinamos e não há nada, absolutamente nada errado com ela,
até onde posso observar - ele me explicou, com paciência.
Mas por que ela está chorando?
- Porque é um bebê - respondeu. - É isso que eles fazem. Ele estudara
medicina durante sete anos e essa era a explicação que tinha para dar?
Não fiquei convencida.
Talvez ela estivesse chorando porque, de alguma maneira, sentia que o pai a
abandonara.
Ou talvez - grande pontada de culpa - estivesse chorando porque eu não a
estava amamentando. Talvez ela se ressentisse profundamente por estar sendo
alimentada com uma mamadeira. Sim, eu sei, você provavelmente está no auge da
indignação porque não a amamentei. Acha, com certeza, que não fui uma boa mãe.
Mas, há muito tempo, antes de ter minha filha, pensei que seria lícito que meu antigo
corpo me fosse devolvido, depois de emprestá-lo por nove meses. Sabia que já não
seria capaz de chamar minha alma de minha, agora que era mãe. Mas tinha uma
leve esperança de que ainda poderia chamar meus seios de meus. E estou
envergonhada de dizer que tinha medo de que, se amamentasse, seria vítima da
síndrome do "seio encolhido, achatado, caído".
Agora que eu estava com minha linda e perfeita criança, minhas preocupações
a respeito da amamentação pareciam mesquinhas e egoístas. Tudo realmente
muda, quando se dá à luz. Nunca pensei que chegaria o dia em que colocaria as
necessidades de outra pessoa à frente da boa aparência dos meus seios.
Então, se minha queridinha não parasse logo de chorar, consideraria a
possibilidade de amamentá-la. Se isso a tornasse feliz, suportaria mamilos gretados
e vazando e meninos bobos de 13 anos tentando olhar minhas "leiteiras" no ônibus.
Judy, minha filha e eu chegamos em casa. Entramos no apartamento e,
embora James me dissesse que estava saindo, eu ainda não estava preparada para
os espaços desocupados no banheiro, o armário vazio, a ausência de livros na
estante.
Foi tão terrível.
Sentei-me vagarosamente em nossa cama. O travesseiro ainda tinha seu
cheiro. E senti tanto sua falta.
- Não consigo acreditar - disse eu a Judy, soluçando. - Ele foi mesmo embora.
Minha filha também começou a chorar, como se sentisse igualmente o vazio. E
não chorava há apenas uns cinco minutos.
A pobre Judy parecia atrapalhada. Não sabia a qual de nós duas consolar.
Depois de algum tempo, parei de chorar e virei vagarosamente para Judy meu
rosto molhado de lágrimas. Sentia-me exausta de tanta dor.
- Vamos - disse eu. - É melhor fazermos as malas.
- Ótimo - ela sussurrou, ainda me embalando, e a minha filha, em seus braços.
Comecei a jogar as coisas dentro de um saco de viagem. Coloquei tudo que
julguei necessário. Preparava-me para levar uma pilha de fraldas descartáveis do
tamanho de um pequeno país sul-americano, mas Judy me convenceu a deixá-las.
- Vendem isso em Dublin também - lembrou-me, com delicadeza.
Joguei dentro do saco mamadeiras, um aquecedor de mamadeiras com o
desenho de uma vaca pulando por cima da lua, chupetas, brinquedos, chocalhos,
macacões, meias do tamanho de selos de correio, tudo o que me veio à cabeça para
minha pobre filhinha sem pai.
Como agora eu era uma família com genitor único, estava obviamente super
compensando a ausência do outro.
- Sinto muito, querida, privei você do seu pai porque não fui suficientemente
bonita ou inteligente para fazê-lo prender-se a mim, mas deixe que compense isso
cobrindo você de bens materiais.
Depois, pedi a Judy para me devolver algumas fraldas.
- Para quê? - perguntou ela, segurando as com força.
- Para a eventualidade de termos uma emergência no avião - argumentei,
tentando arrancá-las de suas mãos.
- Eles não lhe deram toalhas sanitárias no hospital? - perguntou ela, com um
tom de voz chocado.
- Não estou falando de emergência minha, sua pateta, e sim de minha filha. Se
bem que não se poderia chamar isso de emergência, não é? - disse eu, pensativa. -
Algo mais próximo de um risco ocupacional.
Ela estendeu três fraldas. Mas com relutância.
- Sabe, você não pode continuar a chamá-la "minha filha" - disse Judy. - Tem
de lhe dar um nome.
- Não consigo pensar nisso agora - disse eu, começando a entrar em pânico.
- Mas o que andou fazendo durante os últimos nove meses? - Judy parecia
chocada. - Você deve ter pensado em alguns nomes.
- Pensei, sim - murmurei, com meus lábios começando a tremer. - Mas pensei
neles com James. E não iria me sentir bem se desse a ela um deles.
Judy parecia um pouco aborrecida comigo. Mas eu estava novamente à beira
das lágrimas, e então ela não disse mais nada.
Para mim, levei muito pouca coisa, além de um punhado de livros sobre bebês.
Por que me preocuparia em levar alguma coisa para mim, pensei, agora que minha
vida tinha terminado?
E, além disso, nada mais me servia.
Abri meu armário e recuei, com a repugnância que meus vestidinhos me
davam. Não havia dúvida a respeito. Todos falavam de mim.
Eu quase podia vê-los acotovelando-se e dizendo: "Olhem para ela, vejam seu
tamanho. Será que pensa, honestamente, que elegantes e pequenos tamanhos P,
como nós, caberiam em qualquer corpo tipo caminhão, na faixa do GG, como o que
ela está arrastando de um lado para outro? Não é de admirar que seu marido tenha
fugido com outra mulher".
Sabia o que eles pensavam.
"Você se desleixou. E sempre disse que não faria isso. Você nos abandonou e
abandonou a si mesma."
- Desculpem - disse eu, servilmente. - Vou perder peso. Voltarei para vocês,
prometo. Logo que tiver condições.
O ceticismo deles era ostensivo.
Eu podia escolher entre usar minhas roupas de grávida ou uma calça jeans que
James deixara para trás, em sua pressa de partir. Usei a calça e avistei meu
revoltante corpo gordo no espelho do quarto. Meu Deus, eu estava horrorosa.
Parecia estar usando a fantasia do boneco da Michelin da minha irmã mais velha.
Ou, pior, parecia ainda estar grávida.
Nas poucas semanas antes de dar à luz, eu estava absolutamente enorme.
Inteiramente redonda. Como a única coisa que cabia em mim era minha bata
de lã verde, combinando com meu rosto sempre verde, por causa do enjôo contínuo,
fiquei com a aparência de uma melancia usando botas e um pouco de batom.
Agora, embora não estivesse mais verde, ainda parecia uma , sob todos os
outros aspectos.
O que estava acontecendo comigo? Para onde tinham ido meu verdadeiro eu e
minha vida de verdade?
Com um coração que não era a única coisa pesada em mim, fui telefonar para
pedir um táxi, a fim de nos levar para o aeroporto.
O interfone tocou. Dei uma última olhada na minha sala, as prateleiras que
mais pareciam uma boca com alguns dentes faltando, a reluzente e nova babá
eletrônica na parede (que desperdício.), o montículo de fraldas abandonadas no
chão.
Fechei a porta atrás de mim antes que começasse novamente a chorar.
Firme.
Sim, eu sei. Um simbolismo muito pouco sutil. Desculpe por isso.
E então percebi que faltava algo.
- Ah, meu Deus! Minhas alianças!
Corri outra vez para dentro e peguei no meu quarto minhas alianças de noivado
e casamento. Tinham ficado na penteadeira durante os dois últimos meses, porque
meus dedos estavam tão gordos e inchados que eu não podia usá-las. Enfiei-as em
meu dedo, e mais ou menos couberam.
Percebi que Judy me lançava um olhar engraçado.
- Ele ainda é meu marido, você sabe - disse-lhe eu, desafiadoramente. - O que
significa que ainda sou casada!
- Eu não disse nada - falou ela, com uma expressão inocente. Judy e eu
descemos com dificuldade pelo elevador, carregando,como duas malabaristas,
malas, sacos, bolsas e uma criança de dois dias em seu berço portátil.
E há outra coisa que ninguém nos diz sobre o fato de ter um bebê! Os manuais
deveriam dizer algo como: "É imperativo que seu marido não deixe você nos
primeiros meses depois do nascimento do seu bebê, pois, do contrário, você terá de
carregar tudo sozinha".
Judy estava enfiando tudo no táxi, quando vi, com horror, o marido de Denise
vindo pela rua. Devia estar a caminho de casa, voltando do trabalho.
- Ah, meu Deus - disse eu, com um tom de horror.
- Que é? - perguntou Judy, alarmada, com o rosto vermelho e suado, por causa
dos seus esforços.
- O marido de Denise - resmunguei.
- E daí? - perguntou ela, em voz alta.
Eu esperava algum tipo de cena terrível, passional, da parte dele. Como já
disse, ele é italiano. E tinha medo de que insinuasse algum tipo de aliança entre nós.
Alguma coisa do gênero: "O inimigo do meu inimigo é meu amigo." E claro que eu
não queria isso.
Meus olhos prenderam-se aos dele e senti, em meu estado de culpa e medo,
que sabia exatamente o que ele pensava. "É tudo culpa sua. Se você fosse tão
atraente quanto minha Denise, seu marido podia ter ficado com você, e eu ainda
seria casado e feliz. Mas não, você tinha de arruinar tudo, sua vaca gorda e feia."
Ótimo, pensei, também posso fazer esse jogo.
Devolvi seu olhar fixo, retribuindo suas mensagens telepáticas. "Bem, se você
não tivesse casado com uma ordinária, ladra de maridos, destruidora de lares, mas
com uma moça boazinha e decente, nenhum de nós estaria nessa confusão."
Provavelmente, eu fazia ao pobre homem uma terrível injustiça. Ele não me
disse nada. Apenas me olhou com uma espécie de expressão triste e acusatória.
Abracei Judy, em despedida. Ambas chorávamos. Para variar, minha filha não.
- Aeroporto, Terminal Um - disse eu, em lágrimas, ao motorista do táxi, e nos
afastamos em alta velocidade do meio fio, deixando o Sr. Andrucetti a olhar o vazio à
nossa procura.
Enquanto eu seguia com esforço pelo corredor do avião, esbarrei em vários
passageiros irados com minha mala de acessórios de bebê. Quando, afinal, localizei
meu assento, um homem levantou-se para me ajudar a guardar minhas coisas.
Quando sorri para lhe agradecer, automaticamente imaginei se ele não desejaria ter
alguma coisa comigo.
Foi terrível. Essa era uma das coisas de que eu realmente gostava, na
condição de casada. Por alguns anos, fiquei fora desse horrível carrossel de tentar
encontrar o homem certo e descobrir que ele já era casado, ou vivia com outro
homem, ou era patologicamente pão-duro, ou que lia Jeffrey Archer, ou que só podia
ter um orgasmo se chamasse a parceira de "mamãe", ou qualquer das milhares de
falhas de caráter que não eram imediatamente óbvias da primeira vez em que você
lhe apertava a mão e sorria olhando dentro dos seus olhos, e sentia uma cálida
sensação de zumbido na boca do estômago, que nada tinha a ver com remédios não
prescritos, tomados ou não por você, na noite anterior, e então pensava para si
mesma: "Puxa vida, este pode ser o homem certo."
Agora eu estava de volta à situação em que todo homem é um namorado em
potencial. Estava de volta a um mundo onde há 800 mulheres maravilhosamente
lindas para um único homem solteiro. E isso antes mesmo de começarmos a
eliminar os verdadeiramente medonhos.
Olhei com atenção para o homem prestativo. Ele não era sequer tão atraente.
Era provavelmente gay. Ou, quem sabe, um padre.
Quanto a mim, uma esposa abandonada, com um bebê de dois dias, o amorpróprio
de uma ameba (será que era tudo isso?), 14 quilos acima do peso, na
iminência de uma depressão pós-parto e com uma vagina dez vezes o seu tamanho
normal, eu própria não chegava a ser exatamente uma conquista apreciável.
O avião decolou, e casas, prédios e ruas de Londres circularam distantes, sob
mim. Olhei para baixo, enquanto as avenidas e ruas da cidade ficavam cada vez
menores. Deixava para trás seis anos da minha vida.
E assim que se sente uma refugiada?
Meu marido estava lá embaixo, em alguma parte. Meu apartamento estava lá
embaixo, em alguma parte. Meus amigos estavam lá embaixo, em alguma parte.
Minha vida estava lá embaixo, em alguma parte.
Eu havia sido feliz ali.
E, depois, a vista foi coberta pelas nuvens.
Um pouco mais daquele simbolismo nada sutil. Desculpem novamente.
Recostei-me em meu assento, com meu bebê no colo. Suponho que devia
parecer, para todos os outros passageiros, exatamente uma mãe normal. Mas, e o
pensamento me dominou com muita força, eu não era. Agora era uma Esposa
Abandonada. Eu era um indicador numa estatística.
Tinha sido uma porção de coisas em minha vida. Fora Claire, a filha
cumpridora dos seus deveres. Fora Claire, a filha terrível. Fora Claire, a estudante.
Fora Claire, a prostituta (rapidamente: como disse, e se tivermos tempo, vou
informar a você tudo que não contei até agora). Fora Claire, a administradora. Fora
Claire, a esposa. E, agora, era Claire, a esposa abandonada. E não me ajustava
confortavelmente à idéia, de jeito nenhum, posso lhe garantir.
Eu sempre pensara (apesar do meu declarado liberalismo) que as esposas
abandonadas eram mulheres que moravam em apartamentos pobres e que seus
maridos, parando apenas um minuto para lhes dar um soco no olho, partiam com
uma garrafa de vodca e o carnê das pensões das crianças, deixando-as aos prantos,
com uma imensa pilha de contas a pagar de artigos domésticos, uma desculpa
esfarrapada para o olho roxo do tipo "dei uma testada na porta" e quatro crianças
problemáticas, todas com menos de seis anos, em suma, mulheres para quem os
homens só servem para dar uma voltinha.
Era uma experiência de humildade e esclarecimento descobrir como eu estava
errada. Eu era uma esposa abandonada. Eu, a Claire de classe média.
Bem, seria uma experiência de humildade e esclarecimento se eu não me
sentisse tão amargurada, zangada e traída. Afinal, quem era eu? Algum tipo de
monge tibetano? Uma Madre Teresa qualquer?
Mas percebi, realmente, de uma maneira engraçada, através da autopiedade e
da hipocrisia, que algum dia, quando tudo aquilo tivesse terminado, eu poderia ser
uma pessoa melhor, já que estaria mais forte, sábia e compassiva.
Mas ainda não estava pronta para aquilo.
- Seu pai é um filho da puta - sussurrei para minha filha.
O prestativo padre gay teve um sobressalto.
Devia ter ouvido o que eu dissera.
Em cerca de uma hora, começamos a descida para o Aeroporto de Dublin.
Passamos em círculo sobre os verdes campos da parte norte da cidade e, embora
eu soubesse que minha filha de fato não podia ver nada ainda, ergui-a e a segurei
em frente à janela, para lhe dar sua primeira visão da Irlanda. O aspecto era tão
diferente da visão de Londres que acabávamos de deixar para trás! Quando olhei
para o azul do mar irlandês e para a névoa cinzenta sobre os campos verdes, jamais
me senti pior em toda a minha vida. Um fracasso completo.
Deixara a Irlanda há seis anos, cheia de euforia com relação ao futuro. Ia
conseguir um emprego sensacional em Londres, conhecer um homem maravilhoso e
viver feliz para sempre. E conseguira um grande emprego, tivera um homem
maravilhoso e vivera feliz para sempre - bem, pelo menos durante algum tempo -
mas, de alguma forma, tudo dera errado, e agora estava eu de volta a Dublin, com
um humilhante senso de dejá vu.
Mas uma coisa importante mudara.
Agora eu tinha uma criança. Uma criança perfeita, bela, maravilhosa. Eu não
mudaria isso por nada neste mundo.
O prestativo padre gay, ao meu lado, ficou meio sem graça, enquanto eu
chorava, desamparada.
"Dane-se", pensei. "Pode ficar sem graça o quanto quiser. Você é um homem.
Provavelmente também já fez um bom número de mulheres chorar desse mesmo
jeito."
Eu já tivera dias mais racionais.
Ele saiu às pressas, logo que aterrissamos. Na verdade, não poderia ter saído
mais rápido. Sem nenhuma oferta para me ajudar a tirar as malas. Eu não poderia
culpá-lo.

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