segunda-feira, 4 de julho de 2011

MELANCIA - MARIAN KEYES Cap.13


Aquela noite, estava combinado que eu me encontraria com Laura para
tomarmos uma bebida.
É melhor dar a você um pouco dos antecedentes deste caso.
Laura, Judy e eu fomos para a universidade juntas. E somos amigas desde
então.
Judy morava em Londres.
E Laura em Dublin.
Eu não via Laura desde que fugira de Londres sem um marido e com um bebê,
mas falara com ela pelo telefone algumas vezes.
Disse-lhe que estava deprimida demais para vê-la.
E, como ela é uma boa amiga, não ficou aborrecida comigo. Disse-me que não
me preocupasse, que eu acabaria por me sentir melhor e então nos encontraríamos.
Disse-lhe que nunca me sentiria melhor e jamais tornaria a vê-la, mas que fora
maravilhoso conhecê-la.
Tinha a impressão de que ela telefonara para mamãe algumas vezes, no mês
passado, para fazer discretas perguntas sobre o estado do meu coração (ainda
partido, no último check-up), da minha saúde mental (ainda muito instável) e da
minha popularidade (no pior estado de todos os tempos).
Mas ela não me incomodara e eu lhe era muito grata por isso.
Agora, sentia-me bem melhor, de modo que telefonei para ela e sugeri que nos
encontrássemos na cidade, para tomarmos uma bebida.
Laura pareceu encantada com a idéia.
- Vamos encher a cara - disse, entusiasmada, pelo telefone.
Não tenho certeza se era uma sugestão ou uma previsão.
De qualquer forma, era um desfecho previsível.
- Acho que vai ser bom - concordei, tomando como parâmetro nossos
encontros nos dez últimos anos.
Mas eu estava alarmada.
Esquecera-me de que Laura era uma hedonista desenfreada. Ela poderia ter
ensinado algumas coisinhas àqueles imperadores romanos.
Mamãe disse que estava encantadíssima de ficar tomando conta de Kate.
Depois do jantar (pastelão de carne congelado, esquentado no microondas, na
verdade até gostoso), fui para o andar de cima, a fim de tentar aprontar-me para
minha primeira incursão social desde que meu marido me deixara.
Uma ocasião e tanto.
Um pouco como perder minha virgindade, fazer minha Primeira Comunhão ou
me casar. Algo que só acontece uma vez.
Não tinha absolutamente nada para usar.
Comecei a lamentar muito e a me sentir muito tola, na verdade, com minha
atitude de mártir ao deixar todas as minhas belas roupas em Londres. Comportandome
como um condenado a caminho das galés, chorando dramaticamente, dizendo
que minha vida tinha terminado e que no lugar para onde eu ia não precisaria de
roupas.
E ia apenas para Dublin.
Não para a vida após a morte.
Honestamente, fui patética.
Deveria ter sabido que mais cedo ou mais tarde eu me sentiria quase normal
novamente.
Não loucamente feliz, nada tão maravilhoso assim, veja bem.
Mas capaz de enfrentar a situação.
Diante do fato de que todas as minhas boas roupas estavam numa cidade
diferente, eu não tinha outra opção a não ser me apropriar indevidamente de
algumas das coisas de Helen.
Ela ficaria aborrecida.
Não havia como negar isso.
Mas ela já estava aborrecida comigo, de qualquer jeito, pela suposta atração
que eu sentira por seu namorado; então, o que eu tinha a perder?
Pensamentos em torno de castigos que vêm a galope.
Comecei a vasculhar freneticamente os cabides de Helen. Puxa vida, ela tinha
algumas roupas realmente lindas.
Senti a seiva subir, os velhos humores começarem a fluir.
Adorava roupas.
Era como um homem que estivesse morrendo de sede no deserto e
inesperadamente tropeçasse com uma geladeira cheia de 7 Ups super gelados.
Tinha passado tempo demais enfiada naquela camisola.
Descobri naquele seu armário um vestidinho de cor vinho tipo avental. Esse vai
ficar muito bem, pensei, enquanto me enfiava febrilmente nele.
Voltei para meu quarto e me olhei no espelho e, pela segunda vez em dois
dias, fiquei surpresa e deliciada com o que vi.
Parecia mais alta, mais esguia, mais jovem.
Nem um pouquinho uma mãe solteira.
Ou uma esposa abandonada.
Seja lá como se imagine a aparência delas.
Com umas meias de malha de lã e minhas botas, eu estava com um aspecto
agradavelmente infantil (ah!) e inocente (duplo ah!).
E, se o avental era um pouco curto demais para mim, expondo um trecho
alarmante das minhas coxas, porque Helen era bem menor do que eu, isso era
melhor ainda.
Mais pensamentos sobre males que não duram para sempre e dias em que a
araruta vive seu esplendor de mingau.
E, agora, sugestões da minha mãe, que entrara para conversar comigo,
enquanto eu me aprontava, em torno de uma burra velha que estava pensando
seriamente em comer capim novo.
Comentários alusivos, da minha parte, à mouquidão de certos ouvidos diante
de palavras nécias.
Outra alusão da parte dela, com relação a paus que nascem tortos e à
impossibilidade de endireitá-los.
Rapidamente, tentei lembrar de outro provérbio, mas não consegui.
Basta, mas que merda!, disse-lhe eu.
Já houvera alusões suficientes para uma noite inteira. Agora, era preciso um
pouquinho de conversa aberta.
Depois, apliquei a maquilagem. Estava muito excitada porque ia sair. Tinha
esquecido como era divertido.
Em geral, adorava sair.
Normalmente, era uma pessoa muito sociável.
Quando meu marido ainda não me deixara, era muito divertido circular.
Jamais rejeitava um convite.
Precisamos nos divertir enquanto podemos, sempre digo, porque ficaremos
mortos por um longo período.
Haverá, na próxima vida, uma porção de tempo para ficar em casa e passar a
ferro nossas roupas de trabalho para a semana seguinte.
Geralmente, eu era uma das primeiras a chegar a uma festa.
Invariavelmente, uma das últimas a sair.
Uma generosa porção de base energicamente esfregada em meu rosto tirou a
branca palidez do inverno.
Eu era adepta da escola de aplicação de maquilagem que valoriza a
quantidade tanto quanto a qualidade.
E, embora um bronzeado moreno seja considerado símbolo de status dos anos
80 e inteiramente deslocado nos 90, adeptos do natural e do fashion, envergonhome
de dizer que queria estar bronzeada mesmo assim.
Está bem, está bem, uma exposição tão excessiva ao sol pode nos provocar
câncer de pele e, pior ainda, deixar-nos uma pele como a das australianas. Mas eu
achava que um rosto macio e bronzeado parecia muito saudável e atraente.
E de que adiantava nos protegermos do câncer de pele, obsessivamente
evitarmos o sol e andarmos por aí parecendo cadáveres, quando amanhã
poderíamos ser atropelados por um ônibus?
De qualquer jeito, eu não estava morena. Simplesmente queria estar. Acho que
é quase tão ruim quanto.
E me sentia perfeitamente à vontade para usar maquilagem, a fim de falsificar
esse tom. Então, não se poderia descrever meu aspecto maquilada como pálido e
interessante.
Interessante, talvez, mas não pálido.
Duas faixas de blush, uma em cada maçã do rosto.
Na verdade, isso ficou meio assustador, até eu esfumar tudo.
Tive certeza de ouvir mamãe resmungando qualquer coisa que soou como
"palhaço de programa infantil" e dei uma brusca meia-volta, mas ela se limitou a ficar
examinando suas unhas, com um ar inteiramente desinteressado.
Eu devia ter imaginado isso.
Um pouco de batom intenso para garantir que, embora eu estivesse usando um
vestido infantil, não poderia ser confundida com nada que não fosse uma mulher.
Mulher.
Amava essa palavra.
Eu era uma mulher.
Tive vontade de dizê-la em voz alta. Mas, espantosamente, mamãe não saíra
correndo do quarto quando falei "merda". Ainda estava sentada na cama, enquanto
eu punha minha maquilagem, e senti que já a alarmara o suficiente, no decorrer do
mês passado.
Mas era uma palavra tão evocativa.
Mulher.
Tão voluptuosa. Tão sensorial.
Ou seria sensual?
Sempre confundo as duas coisas.
De volta para as coisas mundanas.
Delineador cinzento e rímel preto fizeram meus olhos parecerem realmente
azuis.
E, com meu cabelo recém-lavado e brilhante, fiquei muito satisfeita com o
efeito geral.
Claro que mamãe não ficou.
-Vai usar uma saia com essa blusa? - perguntou.
-Mamãe, você sabe perfeitamente bem que isso é um vestido e não uma blusa
- disse-lhe eu, calmamente.
Nada que ela pudesse dizer ou fazer me impediria de me sentir bem com
relação a mim mesma.
- Pode ser um vestido em Helen - ela reconheceu. - Mas é curto demais para
ser outra coisa que não uma blusa em você.
Ignorei-a.
- E você o pediu a Helen emprestado? - perguntou ela, obvia mente fazendo
tudo para acabar com meu bom humor. - Porque quem vai ouvir os desaforos de
Helen sou eu. Você nem vai ligar. Estará na cidade com seus barulhentos amigos,
enchendo a barriga de Malibu e Lucozade, ou seja lá o que você bebe. E eu estarei
aqui, ouvindo os gritos da minha filha mais nova, me dizendo o que um cachorro não
escuta. E, no momento, estamos na lista negra de Helen.
- Ah, cale a boca, mamãe - falei. - Vou deixar um bilhete para Helen explicando
que peguei o vestido emprestado. E, quando tiver minhas roupas de Londres,
também posso emprestá-las a ela.
Silêncio da parte de mamãe.
-Está certo? - perguntei a ela.
-Está - ela sorriu.
E acrescentou de má vontade:
- E você está linda.
Pouco antes de sair do meu quarto, a fim de ir para o andar de baixo, um brilho
em cima da penteadeira atraiu meu olhar. Era minha aliança. Tinha esquecido de
recolocá-la no dedo, depois de tomar meu banho de chuveiro. Estava ali piscando
para mim, obviamente louca para sair de casa um pouquinho. Então fui até lá e a
peguei, mas não a pus. Meu casamento terminou, pensei, e talvez comece a
acreditar nisso, se não usar mais minha aliança. Coloquei-a novamente em cima da
penteadeira.
Claro que ela ficou furiosa - simplesmente não conseguia acreditar que eu não
a usaria. E, depois, ficou perturbada. Mas não cedi aos seus desejos. Não podia
permitir-me nenhum sentimentalismo. Decidi sair antes que começassem as
recriminações.
- Desculpe - disse eu, sumariamente, virando as costas, apagando a luz e
saindo do quarto.
Papai estava assistindo golfe na televisão, quando me aproximei dele para
pedir seu carro emprestado.
Acho que lhe dei um pequeno susto, quando afinal consegui arrancar sua
atenção dos homens que usavam as calças daquele urso do programa infantil,
Rupert.
Você está muito elegante - ele disse, com um ar espantado. - Para onde vai?
Para a cidade, me encontrar com Laura - respondi-lhe.
Bem, não vá deixar que depredem o carro - disse ele, alarmado.
Papai viera de uma pequena cidade a oeste da Irlanda e, embora vivesse em
Dublin há 33 anos, ainda não acreditava nos dublinenses. Achava que todos eram
pés-de-chinelo e vândalos.
E parecia pensar que o centro de Dublin era como Beirute. Com a diferença de
que Beirute era muito melhor.
- Não vou deixar que o depredem, papai - disse-lhe eu. - Vou colocá-lo num
estacionamento.
Mas isso também não o acalmou.
- Não deixe de pegá-lo antes da meia-noite - disse ele, muito agitado. - Porque
todos os estacionamentos rotativos fecham a essa hora. E, se você não o pegar,
terei de ir a pé para o trabalho de manhã.
Não lhe disse, mas quase o fiz, que ele não teria de ir a pé para parte alguma
de manhã, se eu deixasse o carro abandonado e as autoridades o levassem para o
depósito municipal. Que nada o impediria de tomar emprestado o carro de mamãe
ou de usar algum transporte público.
- Não se preocupe, papai - tranqüilizei-o. - Agora, dê-me as chaves.
Ele as entregou, relutante.
E não mude a estação de rádio. Não quero ligá-la de manhã e ficar surdo com
música pop.
Se mudar, volto para a outra novamente - suspirei.
E, se ajustar o assento para a frente, não deixe de movê-lo novamente para
trás. Não quero entrar de manhã e pensar que ganhei uma porção de quilos de
noite.
Não se preocupe, papai - disse-lhe eu, pacientemente, enquanto pegava meu
casaco e minha bolsa. - Até mais tarde.
É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que tomar
emprestado o carro de papai.
Enquanto eu fechava atrás de mim a porta da sala de estar, ouvi-o me
chamando.
- Para onde você vai sem uma saia? Continuei caminhando.
Foi terrível deixar Kate. Era a primeira vez que eu saía sem ela e foi
verdadeiramente angustiante. Na verdade, eu quase a levei comigo, mas, quando
me compenetrei de que ela passaria tempo suficiente em pubs barulhentos e cheios
de fumaça quando fosse mais velha, achei que não havia motivos para começar
desde já.
Por favor, dê uma olhada nela a cada quinze minutos - disse eu a mamãe, toda
chorosa.
Claro - respondeu ela.
Cada quinze minutos - enfatizei.
Pode deixar - ela disse.
Não vai esquecer? - perguntei, ansiosa.
Não - respondeu ela, começando a se mostrar um pouco impaciente.
Mas, e se você estiver vendo alguma coisa na televisão e se distrair? - insisti.
Não vou esquecer! - gritou ela, com uma voz que demonstrava claramente seu
aborrecimento. - Sei tomar conta de uma criança, e você sabe disso. Consegui criar
cinco filhos.
Eu sei - disse a ela -, só que Kate é especial.
Claire! - falou mamãe, irritada. - Mas que droga, quer fazer o favor de se
mandar?
Tudo bem, tudo bem - eu disse, rapidamente verificando se a babá-eletrônica
para bebês estava ligada. - Já vou.
Divirta-se - disse mamãe.
- Vou tentar - disse eu, com o lábio inferior tremendo. A viagem de carro até a
cidade foi um pesadelo.
Você sabia que, se escutar com atenção suficiente, tudo soa como choro de
bebê?
O vento nas árvores, a chuva no teto do carro, o zumbido do motor.
Eu estava convencida de que podia ouvir Kate chorando por mim, fracamente,
a quilômetros de distância.
Era insuportável.
Quase dei a volta no carro e voltei para casa.
Se não fosse o Bom Senso aparecer de repente como convidado na minha
cabeça, provavelmente era o que eu teria feito.
Você está sendo ridícula - disse o Bom Senso.
Obviamente, você não é mãe - repliquei.
Não - admitiu o Bom Senso. - Não sou. Mas você precisa entender que não
pode ficar com ela todos os momentos, durante o resto da vida dela. E quando você
voltar para o trabalho e ela tiver de ficar com uma babá? Ora, como é que você vai
enfrentar essa situação? Pense nessa saída como um bom exercício.
Você tem razão - suspirei, acalmando-me por um momento. Depois, o pânico
tornou a tomar conta de mim. E se ela morresse? E se ela morresse aquela noite?
Exatamente então, como um oásis no deserto, vi uma cabina telefônica. Dei
uma virada no carro, para grande aborrecimento dos motoristas atrás de mim.
Buzinaram alto e gritaram coisas para mim, aqueles filhos da puta sem coração.
Mamãe - disse eu, com voz trêmula.
Quem é? - perguntou ela.
Sou eu - disse, sentindo-me prestes a explodir em prantos.
Claire? - perguntou ela, com uma voz ultrajada. - Mas que diabo você quer?
Alguma coisa aconteceu com Kate? - perguntei, sem fôlego.
Claire! Pare com isso! Kate está ótima!
É mesmo? - perguntei, mal ousando acreditar nisso.
Está, sim - disse ela, com uma voz mais simpática. - Ouça, depois fica mais
fácil, sabe. A primeira vez é a pior. Agora vá, divirta- se, prometo que lhe telefono, se
alguma coisa acontecer.
- Obrigada, mamãe - disse eu, sentindo-me bem melhor. Voltei para o carro,
dirigi até a cidade e o estacionei (sim, num estacionamento rotativo) e segui até o
pub para encontrar Laura.
Ela já estava lá quando cheguei.
Foi maravilhoso vê-la. Eu não a via há meses.
Disse-lhe que estava linda, porque estava mesmo. E ela me disse o mesmo.
Embora eu não tenha certeza se era verdade.
Ela disse que parecia uma bruxa velha.
Eu disse que eu parecia um cachorro.
Eu disse que ela não parecia uma bruxa velha.
Ela disse que eu não parecia um cachorro.
Terminadas as amabilidades, fui pegar algumas bebidas para nós.
Havia milhões de pessoas no pub. Ou, pelo menos, era o que parecia. Mas
Laura e eu tivemos bastante sorte e conseguimos assentos.
Acho que devo estar envelhecendo. Havia um tempo em que eu alegremente
ficaria ali em pé, com o caneco de cerveja na mão, no meio de todas aquelas
pessoas, sendo arrastada de um lado para outro, como um sargaço pela maré. Sem
me importar com o fato de que a pessoa com quem supostamente eu conversava
achava-se agora a vários metros de distância, e que a maior parte do conteúdo de
meu caneco estava sendo derramada em meu pulso.
Laura queria saber tudo a respeito de Kate. E fiquei felicíssima de lhe contar.
Quando eu era mais jovem, prometi a mim mesma que jamais me transformaria
numa pessoa que chateia todo mundo só falando de bebês. Você sabe, aquele tipo
de pessoa que não pára de falar sobre seu bebê, como ele sorriu pela primeira vez
naquele dia, e como é lindo e tudo isso, enquanto as pessoas a seu redor mudam a
toda hora de posição em suas cadeiras e se contorcem de tédio. Fiquei um pouco
alarmada ao descobrir que era exatamente o que eu estava fazendo. Mas não podia
deixar de fazer. É diferente quando o bebê é nosso.
A única coisa que posso dizer, em minha defesa, é que você saberá o que
quero dizer quando tiver um.
Talvez Laura estivesse morrendo de tédio, mas deu uma impressão muito
razoável de estar interessada em Kate.
Estou louca de vontade de vê-la - disse. Corajosamente, pensei eu.
Por que não vem no fim de semana? - sugeri. - Passaremos uma tarde juntas e
você poderá brincar com ela.
E, depois, Laura quis saber como era dar à luz. Discutimos o assunto com
sangrentos detalhes, durante algum tempo.
Até que Laura começou a parecer meio suada e fraca.
E então, claro, passamos para o principal item da agenda. O verdadeiro
assunto da noite. A atração principal. O aparecimento do astro.
James.
James Webster, o Incrível Marido Desaparecido.
Laura já sabia de todos os detalhes.
Através de várias fontes - minha mãe, Judy e uma porção de amigos. Então,
ela realmente não precisava saber o que acontecera. Estava mais interessada em
saber como eu me sentia agora e o que planejava fazer.
Não sei, Laura - disse-lhe eu. - Não sei se volto para Londres ou se fico aqui.
Não sei o que fazer com meu apartamento. Realmente, não sei o que fazer a
respeito de nada.
Você precisa mesmo falar com James - sugeriu-me ela.
- Claro, eu sei, nem precisa dizer - falei. Com um leve tom de amargura, devo
admitir.
Então, por algum tempo, discutimos minhas responsabilidades. E arriscamos
palpites quanto ao que seria meu futuro.
Mas fiquei algo infeliz de falar a respeito, então mudei de assunto e perguntei a
Laura com quem ela estava transando, no momento.
Era muito mais divertido falar disso, permitam-me dizer.
O feliz beneficiário dos atuais favores sexuais de Laura era um estudante de
arte de dezenove anos!
Dezenove?! - soltei um berro estridente, num decibel que fez os copos se
espatifarem nas mãos de vários espantados bebedores, num pub a cerca de um
quilômetro de distância. - Dezenove?! Está falando sério?
Estou - ela riu. - Mas é um desastre, realmente. Ele não tem um tostão; então,
tudo o que podemos fazer é sexo.
Mas você não poderia pagar para os dois saírem? - perguntei.
Poderia, eu acho - disse ela. - Mas o aspecto dele é tão maltrapilho que eu
teria vergonha de levá-lo a qualquer parte.
Será que ele está sempre coberto de tinta? - perguntei.
Está, sim - ela disse. - Mas não é apenas isso. Ele parece ter apenas um
macacão. E nenhum par de meias. E quanto menos se falar sobre as cuecas dele,
melhor.
Ugh - eu disse. - Isso parece mesmo terrível.
Ah, não, não é, realmente - Laura me garantiu. - Ele é louco por mim. Acha que
sou linda. E meu ego fica nas alturas.
Então, vocês realmente só fazem sexo? - perguntei, intriga da. - Quero dizer,
não conversam, coisas assim?
Na verdade, não - disse ela. - Honestamente, não temos nada em comum. Ele
é de uma geração diferente. Ele aparece. Transamos, rimos um pouco. Ele me diz
que sou a mais bela mulher que ele conheceu em toda sua vida - provavelmente sou
a única mulher que ele conheceu -, e vai embora de manhã. Em geral levan do um
par de minhas meias soquete, me pede o dinheiro da passagem de ônibus e se
manda. É maravilhoso!
Deus do céu, pensei, olhando para Laura com franca admiração.
Você é uma mulher tão anos 90 - disse-lhe eu. - Você é tão calma.
Na verdade, não - disse ela. - Estou apenas tirando a barriga da miséria. A
fome é a melhor cozinheira, como você sabe.
- Então ele é seu namorado? - perguntei. - Quero dizer, você andaria pela
Grafton Street de mãos dadas com ele?
- Deus do céu, não! - disse ela, com uma expressão horrorizada. - E se
encontrasse alguém conhecido? Não, não, o anjinho é apenas uma medida
temporária. Está mantendo a cama quente até aparecer o Homem Certo. Embora eu
não consiga imaginar por que este está demorando tanto.
Embora eu estivesse muito feliz de ver Laura, tinha muita consciência de que
aquela era minha primeira saída social como mulher solteira, em cinco anos.
E era minha primeira saída social sem minha aliança. Eu me sentia vulnerável
e nua sem ela. Apenas quando deixei de usá-la percebi como me sentia segura com
ela. Vocês sabem, ela faz uma declaração, diz alguma coisa como: "Não estou
desesperada por um homem, porque já tenho um. E, realmente, tenho. Basta
olharem para minha aliança de casamento".
Laura rompera com seu namorado, Frank, mais ou menos um ano antes.
Então, apesar do amante adolescente de Laura, éramos, para todos os efeitos,
duas mulheres solteiras bebericando vinho num apinhado pub do Centro, numa noite
de quinta-feira, em março.
Fiquei imaginando se os homens poderiam farejar o nosso desespero.
Fiquei imaginando se haveria desespero para ser farejado.
Será que eu estava dando a Laura minha atenção integral? Ou uma parte dela
se voltava para a multidão, examinando-a, em busca de homens atraentes? Estaria
eu tomando notas de quantos homens me haviam lançado olhares de admiração
desde que chegara?
Nenhum, na verdade, só para ficar bem claro.
Mas óbvio que eu não os estava contando, nem nada.
Ri de alguma coisa que Laura me disse.
Mas não podia ter certeza se estava realmente rindo.
Talvez quisesse mostrar aos homens no pub que estava perfeitamente feliz e
bem ajustada, e não me sentindo um quarto de pessoa, sem um homem.
Meu Deus, mas eu estava realmente começando a ficar deprimida. Sentia-me
como se usasse um letreiro a néon em cima de minha cabeça, dizendo:
"Recentemente Jogada Fora", em tons brilhantes, de rosa e roxo, e depois: "Não
Vale Nada Sem Um Homem", em luzes laranja e vermelhas.
Toda a minha autoconfiança se fora.
Nunca pensara que me sentiria tão estigmatizada.
Quando James e eu éramos casados e felizes, eu freqüentemente saía com
amigas para tomar umas bebidas em pubs e não tinha nenhum pensamento
maldoso a respeito.
Por que isso se tornara, de repente, um problema?
Laura notou que eu começara a murchar como uma planta morrendo, e me fez
as perguntas de rotina. Chorosa, tentei contar-lhe como me sentia.
Não se preocupe - disse-me ela, compreensiva. - Quando Frank me deixou por
aquela garota de vinte e um anos, senti-me tão envergonhada. Como se a culpa
fosse toda minha por ele ter caído fo ra. E achei que, sem ele, eu não tinha o menor
valor. Mas isso passa.
Será que passa mesmo? - perguntei, com os olhos cheios de lágrimas.
Honestamente, passa - ela me garantiu.
Sinto-me tão rejeitada - tentei explicar-lhe.
Eu sei, eu sei - disse ela. - E você tem a impressão de que todas as outras
pessoas sabem disso.
Exatamente - eu disse, sentindo-me satisfeita de não ser a única pessoa a ter,
algum dia, sentido isso. - Está bem - disse eu, enxugando os olhos. - É hora de mais
bebidas.
Abri caminho às cotoveladas através da feliz multidão e finalmente cheguei ao
bar. Fiquei ali em pé, sendo empurrada e tendo cotovelos enfiados em meu rosto e
bebidas derramadas em minhas coxas, enquanto tentava atrair a atenção do
barman. Exatamente quando estava chegando à conclusão de que teria de abrir
meu vestido e mostrar a ele meus peitos, para que me notasse, alguém colocou as
mãos em minha cintura e a apertou.
Só faltava essa! Alguém se aproveitando de uma mulher solteira de uma certa
idade.
Ultrajada, virei-me tão rapidamente quanto pude, no espaço confinado, pronta
a prender alguém por assédio sexual.
E dei de cara, por assim dizer, com o peito de alguém.
Era o belo Adam.
Adam, que podia ou não ser o namorado de Helen.
O júri ainda não dera o veredicto.
Olá - ele sorriu, simpático. - Vi você, do outro lado do bar. Precisa de alguma
ajuda?
Ah, olá - disse eu, mantendo a compostura, mas sentindo- me encantada de
me encontrar com ele. Que sorte Laura ter escolhi do aquele pub, pensei.
Adam, estou satisfeitíssima de encontrar você - disse eu. - Ainda nem fiz meu
pedido. O barman me detesta.
Ele riu.
E eu ri. Esquecera inteiramente que devíamos estar nos sentindo
constrangidos um com o outro, depois da pequena cena em meu quarto, em que ele
praticamente sugeriu que fizéssemos bebês.
Adam disse:
- Vou pedir as bebidas para você.
Dei-lhe o dinheiro e lhe pedi para pegar dois copos de vinho tinto e o que ele
estava bebendo, fosse o que fosse.
Orgulhava-me de me lembrar de onde viera. Eu não me esquecera das minhas
raízes. Também fora, no passado, uma estudante pobre. Lembrei-me de ter visto
pessoas praticamente acendendo seus cigarros com notas de cinco libras e
desejando com toda força que me pagassem uma caneca de Carlsberg, só uma
caneca. Adam enfiou-se no bar. Minha face praticamente repousava em seu peito.
Podia sentir seu tênue cheiro a sabonete. Ele tinha um cheiro tão fresco e limpo.
Ironicamente, disse a mim mesma para me controlar. Estava começando a me
comportar como Blanche DuBois. Ou a louca velha alcoólatra de Crepúsculo dos
Deuses, seja qual for seu nome. Ou qualquer das incontáveis velhas bruxas que são
a atração em qualquer história sobre Beverly Hills, mulheres com o rosto muitas
vezes esticado, consumidas pela luxúria que sentem por homens muito mais novos.
Triste e patético. E eu não queria ser assim.
Naturalmente, com a rapidez de um raio, Adam conseguiu as bebidas. Os
barmen tratam com respeito sujeitos como ele. Não ligam é para mulheres como eu.
Especialmente aquelas cujos maridos lhes deram o fora.
Como todos os outros homens do mundo, o barman obviamente sabia que eu
era uma perdedora.
Adam entregou-me dois copos de vinho e depois disse:
- Aqui está seu troco.
Ah, não tenho mãos livres - eu disse, indicando os dois copos de vinho.
Não tem problema - e deslizou sua mão para dentro de um bolso lateral do
vestido que eu estava usando.
Apenas por um segundo sua mão repousou em cima do osso do meu quadril.
Eu podia sentir seu calor através do tecido do vestido.
Prendi a respiração.
Acho que ele também.
Depois, ele soltou o dinheiro, que tilintou dentro do meu bolso.
O que você esperava que eu fizesse? Que lhe desse uma bofetada por tomar
liberdades? Quero dizer, o rapaz tinha de me dar meu troco, e eu não tinha mãos
livres. Ele fez exatamente a coisa certa.
Embora eu achasse que pessoas assim tão atraentes devessem carregar
licenças. Deveriam passar por uma espécie de exame para provar que se pode
confiar em seu comportamento responsável, mesmo sendo tão lindas.
E não era apenas por ele ser bonito. O que, inegavelmente, era. Mas também
era tão grande e viril.
Ele fazia com que eu me sentisse uma frágil mulherzinha.
Era a reprise da síndrome da camisola grande demais.
Ele perguntou:
Com quem você está? E eu respondi:
Com minha amiga Laura. E ele perguntou:
Posso ficar com vocês? Eu disse:
Claro.
Por que não?, pensei. Ele é divertido e simpático, e Laura gostará dele.
Embora ele talvez fosse um pouco velho para ela.
Ele me conduziu através do pub apinhado de gente. Devo dizer que as
pessoas me tratavam com muito mais respeito tendo-o por perto.
Não creio que eu tenha tido mais de uma gota de álcool derramada em cima de
mim, em minha viagem de volta do bar, ao contrário de uma cervejaria inteira, na
viagem de ida.
Muito injusto, claro, mas assim são as coisas.
Passamos por um grupo de pessoas que pareciam conhecer Adam.
Adam, para onde você vai? - perguntou uma das moças. Loura. Boca cor-derosa
fazendo beicinho. Muito jovem. Muito bonita.
Encontrei uma velha amiga - disse-lhe ele. - Vou tomar uma bebida com ela.
Rapidamente examinei o grupo para me certificar de que Helen não estava ali.
Graças a Deus não estava.
Porém notei uma mulher mais velha entre eles, com expressão muito ansiosa,
enquanto Adam passava adiante do pequeno grupo que formavam. Será que era a
pobre apaixonada Professora Staunton?
Percebi vários olhares hostis. Todos das moças. Foi quase engraçado.
Fodam-se, pensei, bem-humorada.
Se soubessem que nada tinham a temer da minha parte.
Meu marido me jogou fora, tive vontade de contar a elas, e ele era apenas
medianamente bonito. Não era como Adam. Então, que interesse poderia ter em
mim um Adônis como Adam?
E, além disso, ainda amo meu marido.
Mesmo sendo infiel, como ele é.
Levei Adam até a mesa e o apresentei a Laura.
Ela corou.
Então, ele surtia esse efeito em todas as mulheres que conhecia, observei. E
não apenas nas mulheres da minha família.
De alguma maneira, Adam encontrou um assento desocupado.
Ele era desse tipo de sujeito.
Você é um terrível loroteiro - sorri para ele.
Por quê? - perguntou ele, arregalando os olhos azuis e parecendo todo
inocente, como um garotinho.
Disse àquela pobre garota que sou uma velha amiga - falei.
Bem, você é mesmo - disse ele. - Você é velha. Quero dizer, "mais velha do
que eu", "velha" de alguma maneira - consertou ele, apressadamente, quando notou
que meus olhos começaram a se estreitar. - E só sei disso porque perguntei a Helen
quantos anos você tem. Pensei que fosse muito mais jovem.
Limitei-me a olhá-lo.
Tenho de admitir, pensei, que ele se redimiu.
- E muito embora - continuou ele - só tenhamos nos visto uma única vez
considero-a uma amiga.
Não resta dúvida, pensei: ele realmente se redimiu.
Foi nessa etapa que Laura, mais tarde, contou-me que ela tirou sua calcinha e
levantou a saia, mas nenhum de nós dois notou. Não creio nisso nem por um
segundo.
Mas acho que entendo o que ela queria dizer.
A noite deu uma melhorada radical com a chegada de Adam.
Sem dúvida eu me sentia muito mais feliz.
Envergonha-me admitir, mas eu me sentia muito mais confortável com um
homem por perto.
Como se, de alguma forma, isso me valorizasse.
Honestamente, eu sabia como isso era triste e patético. E pretendia mudar de
atitude.
Mas era ótimo estar perto de Adam.
Além de todo o resto, ele tinha uma boa conversa.
Laura perguntou-lhe como havia me conhecido. E Adam respondeu:
- Estou na universidade com Helen.
Laura me lançou um olhar que dizia muito. Alguma coisa como: "Ah, não, um
estudante de merda. Teremos de fingir que estamos interessadas em qualquer
assunto chato que ele esteja estudando."
Mas Adam a desarmou.
Ele parece ter o hábito de fazer isso.
Tudo bem - ele sorriu para Laura. - Você não precisa me perguntar o que estou
estudando.
Ah - disse ela, um tanto constrangida. - Nesse caso, não perguntarei.
Houve uma curta pausa.
Bem - disse Laura -, na verdade, estou curiosa, agora.
Não era minha intenção - riu Adam. - Mas, já que você perguntou, estou no
primeiro ano, fazendo Inglês, Psicologia e Antropologia.
Primeiro ano? - perguntou Laura, erguendo as sobrancelhas, obviamente
aludindo ao comportamento dele, que, digamos, nada tinha de infantil.
Exatamente - disse Adam. - Sou um estudante maduro.
Pelo menos, é o que me dizem. Não me sinto nem um pouco maduro. Só
quando me comparo com os colegas de turma, eu acho.
São terríveis? - perguntei, desejando que ele dissesse que sim.
Terríveis, não - disse ele. - Apenas jovens. Acho que alguém tem de ser. Quero
dizer, todos têm 17 ou 18 anos, acabaram de sair do secundário e estão indo para a
universidade apenas para adiar suas responsabilidades por mais alguns anos. Não
que tenham grande interesse em aprender. Ou que amem os assuntos que
escolheram.
Laura e eu ficamos visivelmente envergonhadas quando ele disse isso. Laura,
Judy e eu tínhamos sido bons exemplos dos tipos preguiçosos, vadios, sem a menor
vontade de estudar, mimados e indulgentes que ele descrevia.
- Que coisa terrível para você - murmurei. Laura e eu trocamos um sorriso de
cumplicidade.
E por que você só foi para a universidade agora? - perguntei-lhe.
Bem, nunca quis ir antes. Nunca soube realmente o que que ria fazer quando
deixei a escola. Então, fiz todas as coisas erradas - disse ele, misteriosamente. - E,
recentemente, tornei a endireitar minha vida. Estava um pouco fora dos eixos -
continuou ele, ainda mais misteriosamente. - E agora estou preparado para a
universidade. Realmente a adoro.
É mesmo? - perguntei, impressionada com sua maturidade e determinação.
- É, sim - confirmou ele. Depois, continuou, algo hesitante:
Acho que foi sorte eu ter esperado. Porque agora posso real mente apreciá-la.
Acho que todos deveriam ser obrigados a sair e trabalhar por alguns anos, antes de
decidir se desejam estudar mais.
Foi isso que você fez? - perguntei-lhe. - Trabalhou?
Mais ou menos - disse ele, abruptamente, sem querer, era óbvio, dizer mais
nada.
Muito, muito estranho.
Então Adam, limpíssimo do jeito que é, tem um Passado.
Bem, era o que ele parecia dar a entender.
Aposto que está tentando mostrar-se bem misterioso e criar um mito em torno
de si mesmo, pensei, impiedosamente. É provável que tenha trabalhado como
funcionário público nos últimos seis anos.
Provavelmente no departamento menos glamouroso do mundo, como o de
licenciamento para criação de gado, se é que existe isso.
Laura fez a Adam a segunda pergunta que todos fazem aos estudantes. (A
primeira é: O que você está estudando?)
- O que você deseja fazer, quando tiver seu diploma? - perguntou-lhe.
Esperei, com a respiração presa.
Por favor, meu Deus, ah, por favor, meu Deus, não deixe que ele diga que quer
ser escritor ou jornalista, supliquei.
Seria um tremendo clichê.
Eu começava a gostar dele e a respeitá-lo, e isso poria tudo a perder.
Juntei as mãos, como em oração, e ergui os olhos em direção ao Céu.
Gostaria de fazer alguma coisa com psicologia - disse ele. (Ufa!, pensei.) -
Estou interessado na maneira como funciona a mente das pessoas. Talvez gostasse
de ser algum tipo de conselheiro. Ou talvez de trabalhar com publicidade. E usar a
psicologia dessa maneira - ele explicou. - De qualquer jeito, ainda há um longo
caminho a percorrer, até chegar lá.
E o inglês? - perguntei-lhe, nervosamente. - Não gosta dessa disciplina?
Claro - ele disse. - É minha favorita. Mas não me imagino conseguindo um
emprego através dela. A não ser que eu quisesse tentar tornar-me escritor ou
jornalista. E uma entre duas pessoas deseja isso.
Graças a Deus!, pensei.
Estou satisfeita de que ele goste de Psicologia. Não agüentaria ouvir outra
pessoa falando do seu desejo de escrever um livro.
Ficamos ali batendo papo agradavelmente. Laura foi até o bar pegar mais
bebidas.
Adam virou-se para mim e sorriu.
- Isso é ótimo - disse. - Tão bom participar de um pouquinho de conversa
inteligente.
Fiquei felicíssima.
Adam movimentou-se ligeiramente para mais perto de mim. Então, posso não
ter o corpo de uma garota de 17 anos, mas ainda posso divertir um homem, pensei,
toda convencida.
Senti-me uma mulher madura e forte, segura de si mesma e do seu lugar no
mundo. Confiante, com opiniões próprias, mas divertida, agradável. Espirituosa e

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