segunda-feira, 18 de julho de 2011

Charlaine Harris - Morto até o Anoitecer Cap.08

Estávamos juntos de novo e minhas dúvidas ficaram amortecidas, ao menos por um

tempo, graças ao medo que senti ao pensar que podia havê-lo perdido. Bill e eu adaptamos

a uma complicada rotina.

Quando me tocava trabalhar de noite, ia a casa do Bill depois determinar o turno e estava

acostumado a passar ali o resto da noite. Se trabalhava de dia, era Bill o que se vinha a

minha casa depois do ocaso e víamos a televisão, íamos ao cinema ou jogávamos o

Scrabble. Via-me obrigada a descansar uma noite de cada três, ou em seu defeito Bill tinha

que evitar me morder essas noites; do contrário começava a me sentir débil e

desinteressada. E sempre estava presente o perigo de que Bill se alimentasse muito de mim.

Estive mudando de um lugar a outro vitaminas e ferro até que Bill se queixou do sabor.

Então reduzi o ferro.

Enquanto eu dormia, Bill se dedicava a outras coisas. Às vezes lia, outras vagava ao

amparo da noite, e em ocasiões saía e arrumava o jardim sob a luz das luzes. Talvez

tomasse sangue de outra pessoa, mas ao menos o manteve em segredo e o fez longe do Bon

Temps, que era o que eu lhe tinha pedido. Hei dito que esta rotina resultava complicada,

porque me dava a impressão de que aguardávamos algo. O incêndio do ninho do Monroe

tinha enfurecido ao Bill, mas acredito que também o assustou. Deve ser terrível sentir-se

tão poderoso acordado e tão indefeso dormido. Os dois nos perguntávamos se a opinião

pública contra os vampiros amainaria agora que os mais molestos da zona tinham morrido.

Embora Bill não disse nada explícito, soube, pelo curso que tomavam nossas

conversações de vez em quando, que também lhe preocupava minha segurança com o

assassino do Dawn, Maudette e minha avó ainda solto.

Se a gente do Bon Temps e as cidades dos arredores pensou que queimar aos vampiros

do Monroe tranqüilizaria suas consciências em relação aos assassinatos, estavam

equivocados. Informe-os das autópsias das três vítimas esclareceram por último que quando

morreram não lhes faltava nada de sangue. Além disso, as marcas de dentadas no Maudette

e Dawn não só tinham pinta de ser antigas, mas sim se demonstrou que assim era. A causa

das mortes foi o estrangulamento. Maudette e Dawn tinham mantido relações sexuais antes

de morrer. E depois.

Arlene, Charlsie e eu tomávamos cuidado, por exemplo ao sair ao estacionamento

sozinhas, e sempre vigiávamos que nossas casas seguissem bem fechadas antes de entrar

nelas. Tratávamos de nos fixar em que carros podiam nos seguir pela estrada.

Mas é complicado manter essas precauções; é um enorme peso para os nervos, e não me

cabe dúvida de que as três voltamos logo para retomar nossa rotina descuidada. Pode que

fosse mais compreensível no caso do Arlene ou o do Charlsie, porque não viviam sozinhas,

como as duas primeiras vítimas; Arlene vivia com seus filhos (e com o Rene Lenier de

tanto em tanto) e Charlsie com seu marido, Ralph. Eu era quão única vivia sozinha.

Jason vinha branco quase cada noite, e se assegurava de conversar sempre comigo.

Dava-me conta de que tratava de reparar a brecha que havia entre nós, e respondi tudo o

que pude. Mas Jason também bebia mais, e sua cama tinha tantas usuárias como uns banhos

públicos, embora parecia abrigar fortes sentimentos pela Liz Barrett. Colaboramos com

meticulosidade até resolver o tema das heranças da avó e do tio Bartlett, embora nesse caso

ele tinha mais que ver com o assunto que eu: o tio Bartlett tinha deixado ao Jason todo

salvo meu dinheiro.

Uma noite em que se tomou uma cerveja de mais, Jason me contou que tinha tido que

voltar outras duas vezes à central de polícia, e que o estavam voltando louco. Ao fim tinha

falado com o Sid Matt Lancaster, e este lhe tinha aconselhado que não voltasse para a

delegacia de polícia se não era em sua companhia.

-Como é que seguem te incomodando?-perguntei-lhe-. Tem que haver algo que não me

tenha contado. Andy Bellefleur não acossou a ninguém mais, e sabemos que nem Dawn

nem Maudette eram muito melindrosas respeito a quem se levavam a cama.

Jason pareceu envergonhado. Nunca tinha visto meu atrativo irmão maior tão

ruborizado.

-Filmes -murmurou.

Inclinei-me para me assegurar de que o tinha ouvido bem.

-Filmes?-pinjente, incrédula.

-Shhh -falou, parecendo muito culpado-. Fazíamos filmes.

Suponho que me senti tão envergonhada como Jason. Irmã e irmão não têm por que

sabê-lo tudo um do outro.

-E lhes deu uma cópia -sugeri com acanhamento, tratando de adivinhar quão tolo tinha

chegado a ser. Ele olhou em outra direção, com aqueles confusos olhos azuis titilando

romanticamente com as lágrimas-. Bobo-disse-, inclusive tendo em conta que não podia

saber como ia sair à luz, o que tivesse acontecido quando decidisse te casar? E se um de

seus antigos amores lhe envia uma cópia de seu pequeno tango a sua futura algema?

-Obrigado por fazer lenha da árvore cansada, hermanita.

Respirei fundo.

-Vale, vale. deixaste que fazer esses vídeos, verdade?

Assentiu com ênfase. Não acreditei.

-E o contaste ao Sid Matt, verdade?

Assentiu com menos convicção.

-E crie que é por isso que Andy vai tanto detrás de ti?

-Sim-confirmou Jason mal-humorado.

-Então, se comprovarem seu sêmen e não coincide com o que estava dentro do Maudette

e do Dawn, está a salvo -nesse momento eu parecia tão furtiva como meu irmão. Nunca

antes tínhamos falado de amostras de sêmen.

-Isso é o que diz Sid Matt. Mas não confio nessas coisas.

Meu irmão não confiava na evidência científica mais confiável que se podia apresentar

ante um tribunal. Estupendo.

-Crie que Andy vai falsificar os resultados?

-Não, Andy é um bom tipo, solo está fazendo seu trabalho. Mas é que não sei nada de

todo isso do DNA.

-Não seja tolo -pinjente, e me afastei para levar outra jarra de cerveja a quatro guris do

Ruston, estudantes universitários que desfrutavam de uma noite louca longe de seu lar. Solo

ficava a esperança de que Sid Matt Lancaster fora bom convencendo às pessoas. Voltei a

falar uma vez mais com o Jason antes de que partisse do bar.

-Poderia me ajudar? -perguntou-me, me pondo uma cara que me custou reconhecer. Eu

estava junto a sua mesa, e sua entrevista daquela noite tinha ido ao serviço. Meu irmão

nunca antes me tinha pedido ajuda.

-Como?

-Poderia ler a mente dos homens que vêm aqui e descobrir se um deles o fez?

-Isso não é tão singelo como parece, Jason-respondi com lentidão, pensando-o enquanto

o dizia-. Para começar, esse homem teria que estar pensando em seu crime enquanto

estivesse aqui, no momento exato em que eu lhe escutasse. E além disso, não sempre

recebo pensamentos claros. Com alguma gente é como escutar a rádio, posso ouvi-lo tudo,

mas com outros solo recebo uma série de impressões sem vocalizar; é como ouvir alguém

falar em sonhos, compreende? Ouve que estão falando, pode saber se estiverem tristes ou

contentes, mas não consegue identificar as palavras exatas. E ainda por cima, às vezes

posso ouvir um pensamento mas não consigo identificar sua origem se houver muita gente

na sala.

Jason me olhou com intensidade. Era a primeira vez que falávamos abertamente de meu

discapacidad.

-Como evita te voltar louca?-perguntou-me, sacudindo a cabeça assombrado. Estava a

ponto de tratar de lhe explicar como mantenho meus amparos, mas nesse momento Liz

Barrett voltou para a mesa, com pintalabios fresco e emperiquitada. Contemplei como

Jason recuperava seu personagem de Dom Juan como quem se envolve em um pesado

casaco, e lamentei não ter podido falar mais com ele quando tinha sua verdadeira

personalidade.

Aquela noite, enquanto os empregados nos preparávamos para sair, Arlene me pediu que

lhe fizesse de canguru a noite seguinte. As duas tínhamos o dia livre, e ela queria ir ao

Shreveport com o Rene para ver uma peli e jantar depois.

-Claro! -disse-lhe-. Faz muito que não fico com os meninos.

De repente lhe mudou o rosto e se girou um pouco para mim. Abriu a boca mas o pensou

duas vezes antes de falar, e então disse:

-Estará... né... estará Bill ali?

-Sim, temos planejado ver um filme. ia passar me amanhã pela manhã pelo videoclub,

mas agarrarei algo que possam ver os pirralhos.-De repente me dava conta do que queria

dizer-. Espera. Quer dizer que não quer me deixar aos meninos se Bill for estar ali?-Notei

que fechava os olhos até deixar sozinho umas frestas e que meu tom de voz caía até seu

registro de maior fúria.

-Sookie -disse com expressão de impotência-, carinho, quero-te muito. Mas não pode

entendê-lo, não é mãe. Não posso deixar a meus filhos com um vampiro. Não posso.

-E não importa que eu também esteja ali e que também queira muito a seus filhos? Nem

que Bill não faria mal a um menino nem em um milhão de anos?-Pendurei-me a bolsa do

ombro e saía grandes pernadas pela porta traseira, deixando ali ao Arlene com aspecto

preocupado. merecia-se sentir-se mau, vá que sim!

Para quando cheguei à estrada rumo a casa já me encontrava algo mais acalmada, mas

ainda me irritava. Sentia-me preocupada com o Jason, ofendida pelo Arlene e distante de

modo quase permanente com o Sam, que levava uns dias atuando como se fôssemos

simples conhecidos. Pensei em ir a minha casa em vez da do Bill, e decidi que era boa

idéia.

Amostra do muito que ele se preocupava comigo é que estivesse em minha porta apenas

quinze minutos depois de que me esperasse frente à sua.

-Não vieste, e tampouco me chamaste -disse em voz baixa quando abri a porta.

-Estou de mau humor -respondi-, de muito mau.

Foi sábio e manteve as distâncias.

-Sinto te haver preocupado -pinjente depois de um instante-, não voltarei a fazê-lo. -

Afastei-me dele em direção à cozinha. Seguiu-me, ou ao menos supus que o fazia. Era tão

silencioso que não podia estar segura até que olhava.

recostou-se contra o marco da porta enquanto eu permanecia no centro do chão da

cozinha, me perguntando para que tinha ido ali e notando que a quebra de onda de fúria me

afogava. Começava a me sentir de novo farta de todo aquilo. Tinha muitas vontades de

atirar algo, de romper alguma coisa, mas não me tinham educado para que agora desse

rédea solta a impulsos destrutivos como aquele. Contive-o, fechando com força as

pálpebras e apertando os punhos.

-vou cavar um fossa-disse, e saí pela porta de atrás. Abri a porta do abrigo, tirei a pá e

me lancei à parte posterior do jardim. Ali havia uma parcela de terra em que nunca tinha

crescido nada, não sei por que. Cravei a pá, empurrei com o pé e tirei uma boa parte de

terra. Continuei e o montão de terra se fez cada vez mais alto, de uma vez que mais

profundo o buraco.

-Tenho excelentes músculos nos braços e os ombros disse, enquanto descansava apoiada

na pá e resfolegava. Bill estava sentado em uma cadeira de jardim, olhando. Não disse

nenhuma palavra.

Segui cavando.

Ao final, obtive um buraco realmente formoso.

-vais enterrar algo?-perguntou-me quando deduziu que tinha terminado.

-Não. -Contemplei a cavidade no estou acostumado a-. vou plantar uma árvore.

-De que tipo?

-Um carvalho -disse sem pensá-lo.

-E onde vais conseguir uma?

-No viveiro. Irei esta semana.

-Demoram muito em crescer.

-E a ti que mais te dá isso? -estalei. Voltei a deixar a pá no abrigo e me apoiei nele,

esgotada de repente. Bill fez gesto de me recolher-. Sou uma mulher adulta -ladrei-. Posso

entrar em casa por meu próprio pé.

-Tenho-te feito algo? -perguntou Bill. Havia muito pouco amor em sua voz, e conseguiu

me parar em seco. Já me havia automóvel compadecido o bastante.

-Minhas desculpas -disse-, de novo.

-O que te pôs tão furiosa?

Não podia lhe contar o do Arlene.

-Bill, o que faz quando fica furioso?

-Faço pedaços uma árvore. Em ocasiões firo alguém.

Comparado com isso, cavar um buraco não parecia tão mau. Inclusive podia considerarse

construtivo. Mas ainda estava tensa, solo que agora se parecia mais a um tremor sutil que

a um uivo de alta freqüência. Olhei a meu redor incansável em busca de algo que fazer. Bill

pareceu interpretar corretamente os sintomas.

-Faz o amor -sugeriu-. Faz o amor comigo.

-Não estou do humor adequado para o sexo.

-Deixa que tente te persuadir.

Resultou que foi capaz.

Ao menos serve para varrer o excesso de energia da fúria, mas ainda ficou um resíduo de

tristeza que o sexo não podia curar. Arlene tinha ferido meus sentimentos. Olhei ao vazio

enquanto Bill me fazia uma trança, um passatempo que na aparência lhe resultava

relaxante. de vez em quando me sentia como se fora sua boneca.

-Jason esteve esta noite no bar-lhe contei.

-O que queria?

Às vezes Bill era muito preparado interpretando às pessoas.

-Apelou a meus poderes mentais. Queria que sondasse as mentes dos homens que vêm

ao bar até encontrar ao assassino.

-Salvo por umas quantas dezenas de defeitos, não é tão má idéia.

-Você crie?

-Tanto seu irmão como eu nos liberaríamos das suspeitas se o assassino estiver entre

grades. E você estaria a salvo.

-Isso é verdade, mas não sei como abordá-lo. Seria duro, doloroso e aborrecido, ter que

vadear toda essa informação tratando de encontrar um pequeno detalhe, um brilho mental.

-Não seria mais doloroso nem duro que ser suspeito de assassinato. O que ocorre é que

te acostumaste a manter seu dom encerrado.

-Isso pensa?-Comecei a me girar para lhe olhar à cara, mas ele me reteve para poder

acabar a trança. Nunca tinha considerado que me manter fora das cabeças de outros pudesse

ser egoísta, mas neste caso talvez o fora. Teria que invadir muita privacidade.

-Um detetive- murmurei, tratando de lombriga sob um enfoque mais atraente que o de

uma simples entremetida.

-Sookie -disse Bill, e algo em sua voz me obrigou a lhe emprestar atenção-, Eric me

pediu que volte a te levar ao Shreveport.

Demorei um segundo em recordar quem era Eric.

-Ah, o enorme vampiro vikingo?

-O vampiro muito ancião-precisou Bill.

-Quer dizer que te ordenou que me leve?-Eu não gostava de nada como soava aquilo.

Eu estava sentada no bordo da cama, com o Bill detrás de mim, e agora sim que me girei

para lhe olhar à cara. Esta vez não me impediu isso. Observei-o, descobrindo algo em sua

expressão que me era desconhecido-. Tem que fazê-lo- exclamei horrorizada. Não podia

imaginar a ninguém dando uma ordem ao Bill-. Mas carinho, não quero ver o Eric.

Compreendi que isso não supunha nenhuma diferença.

-Quem se acredita que é, o chefe dos vampiros?-perguntei furiosa e incrédula-. Te tem

feito uma oferta que não pudeste rechaçar?

-É maior que eu. E o que é mais importante, é mais forte.

-Ninguém é mais forte que você-afirmei com tenacidade.

-Oxalá isso fosse certo.

-Assim é o chefe da Região Vampírica Dez ou algo assim?

-Sim, algo assim.

Bill sempre tinha sido muito discreto respeito a como organizavam os vampiros seus

assuntos. Isso não tinha suposto nenhum problema para mim, até esse momento.

-O que é o que quer? O que acontecerá não vou?

Bill ignorou a primeira pergunta.

-Enviará a alguém, a vários, para te trazer.

-Outros vampiros.

-Sim. -Os olhos do Bill resultavam indecifráveis e destacavam, castanhos e profundos.

Tratei de pensar atentamente nisso. Não estava acostumada a que me dessem ordens,

nem a não ter nenhuma eleição. A minha curta mente custou vários minutos avaliar a

situação.

-Então, sentiria-se obrigado a lutar contra eles?

-É obvio. É minha.

Outra vez aquele "minha". Parecia que o dizia enserio. Me deu vontade de gritar, mas

soube que não serviria de nada.

-Suponho que terei que ir -pinjente, tratando de não soar molesta-. Isto é uma

chantagem em toda regra.

-Sookie, os vampiros não são como os humanos. Eric recorre ao melhor método ao seu

dispor para conseguir seu objetivo, que é te ter no Shreveport. Não me necessitou explicar

isso compreendi-o.

-Bom, eu também o compreendo, mas o odeio. Estou entre a espada e a parede! Além

disso, o que é o que quer de mim? -Veio-me à cabeça a resposta óbvia, e olhei ao Bill

aterrada-. OH, não, não farei isso!

-Não terá sexo contigo nem te morderá, não sem me matar antes. -O reluzente rosto do

Bill perdeu todo vestígio de familiaridade e passou a ser farto desumano.

-E ele sabe-pinjente com acanhamento-, assim deve haver outra razão para que me

queira no Shreveport.

-Sim -coincidiu Bill-, mas não sei qual.

-Bom, se não ter que ver com meus encantos físicos ou o pouco habitual aprimoramento

de meu sangue, deve ser por mi... pequena raridade.

-Seu dom.

-Claro -pinjente, com o sarcasmo gotejando em minha voz-. Meu precioso dom. -Toda

a fúria que pensei que me tinha tirado de cima retornou para me esmagar como um gorila

de duzentos quilogramas. E tinha um medo mortal. Perguntei-me como se sentiria Bill;

dava-me inclusive pânico perguntar-lhe Em vez disso perguntei:

-Quando?

-Amanhã de noite.

-Suponho que estes são os salários das relações não tradicionais.-Contemplei por cima

de seu ombro o desenho do empapelado que escolheu minha avó dez anos atrás. Prometime

que se saía viva daquilo voltaria a empapelar a casa.

-Amo-te-sua voz não era mais que um sussurro. Aquilo não era culpa do Bill.

-Eu também te amo -pinjente. Tive que me conter para não lhe suplicar, para não lhe

dizer "Por favor, não deixe que o vampiro mau me faça mal, não deixe que me viole". Se eu

estava entre a espada e a parede, Bill ainda o estava mais. Não pude nem imaginar o

autocontrol que devia estar empregando. A não ser que de verdade estivesse tranqüilo.

Podia um vampiro enfrentar-se à dor e a indefensión sem sofrer nenhum transtorno?

Estudei seu rosto, os famosos rasgos pálidos e sua branca cútis, os escuros arcos de suas

sobrancelhas e a orgulhosa linha de seu nariz. Fixei-me em que suas presas só apareciam

um pingo, e eu sabia que a raiva e a luxúria faziam que se desdobrassem por completo.

-Esta noite -disse-, Sookie... -indicou-me com as mãos que me tendesse junto a ele.

-O que?

-Esta noite acredito que deveria beber de mim.

Pus cara de asco.

-Agg! Não necessitará toda sua força para amanhã de noite? Não estou ferida.

-Como te há sentido desde que bebeu de mim? Desde que pus meu sangue em seu

interior?

Refleti.

-Bem -tive que admitir.

-estiveste doente?

-Não, mas de todos os modos quase nunca o estou.

-notaste que tinha mais energia?

-Só quando não me estava roubando isso você! -disse com amargura, mas notei que os

lábios me curvavam formando um pequeno sorriso.

-É mais forte?

-Eu... sim, suponho que sim. -Dava-me conta por primeira vez de quão extraordinário

tinha sido que transladar eu sozinha uma poltrona nova na semana anterior.

-Foi-te mais fácil controlar seu poder?

-Sim. Isso sim o notei -o tinha atribuído a minha maior relaxação.

-Se agora beber de mim, amanhã de noite terá mais recursos.

-Mas você estará mais débil.

-Se não tomar muito, recuperarei-me durante o dia enquanto durma. E pode que

encontre a outra pessoa da que beber amanhã de noite, antes de que saiamos para lá.

Meu rosto expressou minha dor. Suspeitar que o fazia e sabê-lo eram duas coisas muito

distintas.

-Sookie, é por nós. Nada de sexo com nenhuma outra pessoa, prometo-lhe isso.

-Seriamente crie que isto é necessário?

-Pode sê-lo. Ao menos útil, e necessitamos toda a ajuda que possamos conseguir.

-OH, está bem. Como o fazemos? -Solo conservava lembranças confusas da noite da

surra, por sorte.

Olhou-me com dissimulação. Tive a impressão de que o fazia graça.

-Não está excitada, Sookie?

-Por beber seu sangue? me desculpe, mas isso não me põe.

Sacudiu a cabeça, como se não pudesse compreendê-lo.

-Me esquecia-se limitou a dizer-, me esquece que não tem por que ser assim. Prefere

pescoço, boneca ou virilha?

-Virilha não-disse rapidamente-. Não sei, Bill, que asco. Como você prefira.

-Pescoço -decidiu ele-. te Ponha em cima de mim, Sookie.

-Isso é como o sexo.

-É a maneira mais singela.

Assim que me pus escarranchado sobre ele e descendi pouco a pouco. Dava uma

sensação curiosa; era uma postura que solo usávamos para fazer o amor.

-Remói, Sookie-sussurrou.

-Não posso fazê-lo!-protestei.

-Remói ou terei que usar uma faca.

-Meus dentes não são afiados como os teus.

-São o bastante afiados.

-Farei-te mal.

Ele riu em silêncio, senti que seu peito se movia debaixo de mim.

-Maldita seja. -Tomei fôlego e fazendo de tripas coração lhe mordi o pescoço. Lanceime

a fundo porque não tinha sentido alargar aquilo. O sabor metálico do sangue me encheu

a boca. Bill grunhiu brandamente e suas mãos acariciaram minhas costas e desceram por

ela. Seus dedos me encontraram.

Dava um coice de surpresa.

-Bebe -disse com voz entrecortada, e eu chupei com força. Voltou a gemer, mais alto, e

senti que se apertava contra mim. Uma pequena quebra de onda de loucura me percorreu e

peguei a ele como um marisco. Ele me penetrou e começou a mover-se. Suas mãos me

aferravam os quadris. Bebi e tive visões; visões sobre um fundo negro de formas brancas

que emergiam do chão e foram caçar, a excitação da perseguição através dos bosques, a

presa ofegando por diante e a excitação de seu medo. Caçada, as pernas a toda velocidade,

escutando o retumbar do sangue através das veias do açoitado...

Bill fez um ruído profundo com seu peito e se liberou em meu interior. Apartei a cabeça

de seu pescoço e uma corrente de prazer me levou até o oceano.

Isso foi bastante exótico para uma garçonete telépata do norte da Luisiana.

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